A biotech Moderna, com Oxford, e o Instituto dirigido por Fauci, anunciou que já tem vacina, com uma eficácia de 94,5%, melhor do que a da Pfizer, e fez pedido de uso de emergência. Dois biliões de dólares depois – o investimento da administração Trump nesta investigação – e mais uma vacina estará disponível no mercado americano até ao final do ano. É um mês e meio, se a FDA andar depressa, o que é o caso, tendo em conta os números de contagiados e mortes nos EUA. É também uma vacina mais fácil de distribuir, porque não requer temperaturas negativas elevadíssimas para a conservar e transportar. Tem uma logística simples, e isso é uma grande vantagem.
Não interessa agora discutir a política dualista do presidente americano em relação à pandemia – contra o confinamento, e investindo poderosamente em vacinas e medicamentos – mas é um facto imbatível que vai sair da Casa Branca com uma vitória indiscutível: não fosse o dinheiro investido pela Administração, potenciando e acelerando as investigações, e não seria agora, nem em 2021, que existiria uma panóplia de vacinas e novas drogas que combatem eficazmente a SARS-CoV-2. Trump, aliás, foi uma das cobaias inesperadas, e de sucesso, na utilização dos anticorpos monoclonais sintéticos, também em fase de aprovação.
Um país como os EUA não brincam neste tipo de investimentos. Como não lhes falta dinheiro – sempre poderiam imprimir – Trump concentrou-se apenas na via da investigação, mandou investir tudo o que era necessário, exigiu resultados urgentes, e em troca recebe uma vacina eficaz. Essa parte correu-lhe muito bem. É preciso acrescentar que tanto a Pfizer como a Moderna, e outras que se seguirão nos EUA, já tinham estes dados em finais de Outubro, mas evitaram aproveitamentos políticos. Hoje ninguém sabe, nem garante, se o resultado eleitoral seria o mesmo, se os americanos tivessem tido conhecimento disso, no momento exato. Nunca ninguém criticou Trump por estar empenhado nessa frente, mas todos, ou quase, acharam que o ainda presidente descurou a pandemia, nunca aceitou tomar medidas restritivas, e com isso deu força ao negacionismo.
Só que, afinal, Trump até se está a sair bem na única e eficaz medida para controlar a Covid19, que é ter disponíveis vacinas e medicamentos específicos, e em tempo recorde. Se tudo andar como se prevê, milhões de americanos – os grupos prioritários – já estarão vacinados e a tentar recuperar uma vida normal, no dia em que Trump sair da Casa Branca, a 20 de Janeiro. Esse mérito pertence-lhe. Trump já tem uma vacina. Ao menos isso.