1 – Sou suspeito, muito, mas a grande entrevista de António Costa à VISÃO é exemplar. Fim de tarde de sexta feira, depois da loucura negocial de quatro dias em Bruxelas, e após do debate do Estado da Nação, como dizem os autores, e o primeiro-ministro (PM) estava fresco, focado, empenhado e, evidentemente, otimista. Ainda bem. Bem-vindo. Ponham as coisas ao contrário: que seria de nós, se em S. Bento estivesse um pessimista, depressivo, ruminativo, e incapaz de ver o Sol. Livrem-nos disso. Costa sempre foi assim, direto e positivo, e isso vem no seu cartão de cidadão. O tiro da bazuca não pode falhar. É tiro e queda. É a citação de primeira página da revista, e diz bem do estado de espírito em que está o PM, e todos nós, já agora, por indução e perceção. Se falharmos acabou o jogo. Não há mais bazucas. É, verdadeiramente, a bala de prata. Ou de Ouro. (A propósito não era uma boa ideia vender agora algumas toneladas de ouro, ao preço estratosférico a que está, e comprar mais tarde, em baixa, a mesma dose? Fica-nos mal?) Costa, abertamente, revela o momento mais difícil, e complicado, por que passou: logo no início da pandemia, quando teve de tomar decisões muito difíceis, percebendo que ninguém, na verdade, sabia coisa nenhuma sobre o vírus e colaterais. De ler. Para ficar.
2 – Agora sim, vale a pena falar a sério sobre as vendas dos imóveis do NB a um Fundo registado nas Caimão. Alguém acredita que essa decisão não foi falada e aprovada por todos e mais alguns reguladores nacionais e europeus? Banco de Portugal, Fundo de Resolução, BCE, Direção da Concorrência europeia, e mais uns tantos. O NB que revele. Que diga. Alguém acha que o banco, escrutinado como está, e a servir de saco de boxe, ousaria fazer uma operação dessas, vender e emprestar, sem a bênção superior? António Ramalho quer ir já à Assembleia da República, e faz muito bem. Já agora que diga tudo, porque assim não é possível governar uma entidade bancária. Chamem-no, por favor.