Miguel Arruda é o nome mais falado esta semana. Deverá ser também o nome mais pesquisado no Google, nas redes sociais e outras plataformas. Também é inspiração para o marketing de muitas empresas e memes. Diria que teve esta semana os seus (segundos) 15 minutos de fama, que se estão a prolongar no tempo.
Eleito pelo círculo dos Açores, Arruda é conhecido por ser um dos deputados mais barulhentos do Chega e por gostar de sentenciar nas redes sociais. No momento em que escrevo este texto sabemos que não acatou a vontade do líder do seu partido, para que renunciasse ou suspendesse mandato, e acabou a desfiliar-se do Chega. Passou a ser deputado não-inscrito.
Arguido por suspeita de furto qualificado, deu entrevista a um canal televisivo e, pasme-se, entre outras mensagens sugeriu que as imagens de videovigilância poderiam ser manipuladas. Entretanto, fez saber que vai meter “baixa psicológica” e regressar aos Açores.
A forma como Miguel Arruda se defende, se justifica, ou se resguarda é-me indiferente. É um cidadão, com profissão “Político”, suspeito de praticar algo ilícito, tal como o foram no passado Isaltino Morais, Armando Vara, José Sócrates, Fátima Felgueiras, Valentim Loureiro ou o antigo chefe de gabinete do ex-primeiro ministro Vitor Escária.
O que não me é indiferente é o facto de não haver nada no Regulamento da Assembleia da República que permita a um partido expulsar ou suspender o mandato de um deputado eleito quando a este é apontado algo gravoso.
Bem sei que é apenas arguido. Mas, fará sentido Miguel Arruda continuar a representar o povo, na Casa do Democracia, quando há registo efetivo da prática de uma ação tão rude? Para mim, não faz qualquer sentido Arruda ou outro deputado em situação semelhante poder continuar a representar o povo, quando na verdade não respeita esse mesmo povo.
Direito à defesa é uma coisa, presunção de inocência outra, mas eu tenho uma certeza, depois daquela entrevista televisiva, depois de tanta contradição, o mínimo, era suspender este deputado, até os factos estarem apurados.
O legislador parece andar adormecido. Foi assim no caso no lóbi, foi assim em outros casos. Até quando?
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