Por opção ou, com maior probabilidade, por incapacidade, a AMD deixou de lutar com a Intel nos segmentos de maior desempenho. O plano foi concentrar-se na qualidade/preço. E, de facto, a AMD tem excelentes processadores para quem quer gastar pouco dinheiro e obter um desempenho satisfatório. É o caso do Athlon X4 880K, que testámos na edição passada. Mas, como é que este plano resultou para a AMD em termos de quota de mercado? Mal. Segundo diferentes fontes, a AMD tem vindo a perder quota de mercado para a Intel desde 2006, altura em que o mercado chegou a estar quase 50/50. Hoje, os números globais estão qualquer coisa como 80-20. A favor da Intel, claro. Mas, apesar dos resultados, parece que a AMD está a seguir a mesma política para os processadores gráficos. Pelo menos é o que os últimos lançamentos dão a entender. A nova série Radeon RX 400 tem, pelo menos por enquanto, um processador de topo que apenas terá capacidade para lutar com as GeForce da gama média/alta.
No papel, faz sentido. Tecnicamente, também. Como já várias vezes referimos na Exame Informática, é preferível fazer upgrades mais vezes do que investir em componentes de topo. Deste modo consegue-se, em média e ao longo do tempo, mais desempenho com menos investimento. De um outro modo, a relação desempenho/preço de um sistema com processador AMD X4 e uma gráfica Radeon RX 480 deverá ser muito mais atrativo que a relação desempenho/preço de um sistema com Core i7 e uma gráfica GeForce GTX 1080. Mas a política da AMD tem um risco grande: a perda da imagem de marca e respetivas consequências. É que boa parte do mercado não faz escolhas com base na racionalidade tecno-económica. Quando as GeForce topo de gama são bem mais rápidas que as Radeon, é mais provável que os utilizadores e os fabricantes de computadores optem pela marca GeForce, mesmo que estejam a adquirir modelos de entrada ou de média gama que até são piores que as concorrentes com chips AMD. Vamos ver como o mercado vai reagir. Se o menor custo vai atrair muitos clientes para as Radeon ou se, como aconteceu com os processadores, a liderança de desempenho da Nvidia vai reforçar a imagem de marca deste fabricante ao ponto de conquistar todos os segmentos de mercado.