Lembro-me de, em pequeno, ouvir, na escola e nas notícias, falar do tópico do êxodo rural. Como cresci na cidade, pois os meus pais migraram do interior para o subúrbio de Lisboa, sempre associei o tema a algo normal, era coisa da vida. Quarenta anos depois, jamais esperaria que iria ser parte de um grupo que, mesmo temporariamente, trocou a cidade pelo “campo”.
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Um dos efeitos que a pandemia global teve na cidade de São Francisco, e em muitas outras à volta do mundo, foi o de temporariamente suspender diversas fontes de energia e atração que caracterizam a cidade. Os concertos de música, restaurantes, ginásios, museus e os bares, de repente, estão em pausa desde março, e aos poucos estão a abrir de novo. Esta nova realidade forçou uma criatura citadina, como eu e muitos outros a questionar: onde está a minha vida da cidade?
Antes, era pouco relevante para mim viver num mini-apartamento. O que importava era a localização, estar perto de restaurantes, do trabalho e de artes e espetáculos. Depois de muitos meses a viver no que é agora uma cidade (temporariamente) fantasma, e num apartamento que virou local de trabalho, ginásio, discoteca, de repente o tamanho começou a importar mais, especialmente para a minha própria sanidade mental.
Já há algumas largas semanas troquei o cidade pelo campo, onde noto que o espaço e o verde à minha volta contribuem para o meu equilíbrio mental. Antes, ia fazer um fim de semana ao campo para estar com a natureza; Aagora, vejo-me a ir passar um sábado ou domingo à cidade. Não sei se por coincidência ou não, mas muitas pessoas a minha volta, estão em situações parecidas.
Será que estas mudanças são permanentes, será que voltaremos ao que era antigamente?