Meia hora do Aeroporto Grantley Adams até Holetown, passando por carrinhas cheias a baixa velocidade, galinhas que passeiam juntos das estradas, casas de madeira colorida e tectos de estanho, e um mar aberto de um azul intenso. Ao longo do caminho, Barbados começa a usar seus encantos em nós.
Ao chegar a um novo lugar, sintonizamo-nos com tudo. Os sons, os cheiros, as texturas, e os novos sabores. Nada é tão nítido como o momento em que chegamos de fora. Paul Theroux diz “Ninguém descreveu o lugar onde acabei de chegar”. Esta é a sensação que nos faz viajar.
Hoje, os avanços tecnológicos tornaram as viagens cada vez mais fáceis. Assim, parece que já conhecemos os sítios antes mesmo de lá chegar. Enquanto nos preparamos para viajar, lemos sobre a arquitetura, a cultura e restaurantes locais. Mas o que realmente dá vida às nossas viagens são as pessoas que conhecemos. Há as crianças a jogar bola que nos gritam olá. Há os jovens a cortar e vender água de coco em cada rua, ou a senhora que nos convida a entrar, apesar do tempo ser sempre pouco. Estas são as pessoas que tornam Barbados real, e a nossa viagem única.
Hoje, mais do que coragem e sentido de aventura, viajar passa por aperfeiçoar o nosso sentimento de admiração e sensibilidade ao que nos rodeia, os lugares, a natureza, a cultura e as pessoas que conhecemos. E para além de tudo o que podemos encontrar, haverá sempre e cada vez mais para descobrir.
Muitas vezes, falamos em viajar o Mundo para nos encontrar. Por mais profunda e intensa que essa experiência possa ser, a verdade é que descobrimos que somos muito mais do que pensamos ser. Estarmos numa praia nos Barbados, no bulício de Angola ou no frio conforto de Copenhaga é necessariamente diferente. Agimos e somos naturalmente diferentes. Adaptamos ao nosso novo ambiente e ironicamente, acabamos por perder a noção de quem somos.
Em vez de nos encontrar, questionamos a nós próprios. Será que o mundo mudou? Ou fomos nós? Com os dias, acabamos por parar de nos questionar. Começamos a ouvir. Com atenção, percebemos que há diferentes formas de interpretar o mundo. Compreendemos novas oportunidades, possibilidades e caminhos.
Em vez de primeiras respostas habituais, saímos da zona de conforto e testamos a nossa própria criatividade e imaginação. A criatividade vem da experiência da diversidade. Viajar muda perspectivas, testa a imaginação, inspira compreensão e empatia.
Viajar lá fora afeta a estrutura fundamental do nosso autoconceito. Ao refletirmos sobre nós e as nossas novas culturas, temos maior clareza sobre nós próprios. “O caminho mais curto para si mesmo leva ao redor do Mundo” alerta Von Keyserling no “Diário de Viagem de um Filósofo”.
Viajamos porque precisamos. A distância e a diversidade são a tónica da criatividade e empatia. E no final, chegamos a casa e tudo volta a ser igual. Tão familiar e confortável! Mas no fundo, algo mudou em nós e isso muda tudo.