Chegou a altura do Natal e chegou a altura de voltar à terrinha, passar o Natal em família e matar saudades, muitas saudades. Chegou a altura dos abracinhos e beijinhos virtuais se transformarem em abraços reais, apertados e de se dar e receber muitos beijinhos repenicados. A maior parte das pessoas não sabe, mas quando se vive noutro país e se vem a Portugal, “dizemos que vimos de férias”, mas a realidade é que voltamos mais cansados do que vimos, porque tentamos estar com todos – família e amigos – às vezes ainda temos burocracias para tratar, fazer compras e queremos ir a lugares e comer coisas que temos saudades. Claro que é um cansaço diferente e, claro que este cansaço é totalmente superado pela carga gigante com que carregamos as nossas baterias emocionais, tal é o carinho da família e dos amigos. Por isso, há sete anos que repetimos a mesma correria e loucura de sempre, de andar de um lado para o outro, de chegar atrasado e, ainda assim, nem sempre conseguirmos ver e estar com todos os que gostaríamos, o que nem sempre é fácil para todos entenderem.
Adoro vir passar o Natal em Portugal, com frio, com a família, de reencontrar muitas das pessoas que nos são tão queridas. Por outro lado, adoro a Passagem de Ano no Brasil, adoro o calor, as festas e ver as pessoas todas vestidas de branco. Se pudesse escolher passava o Natal em Portugal e a Passagem de Ano no Brasil, ou outro lugar com calor. Desde que experimentamos a Passagem de Ano com calor que não queremos outra coisa. Este ano acabamos por ficar em Portugal, por motivos familiares, mas para o ano lá estaremos de volta ao calor.
Nunca passei um Natal em São Paulo, mas acho que o Natal em Portugal tem um sabor diferente, por causa do frio, da família, das tradições…. as lembranças que fazem sorrir. Eu adoro o Natal, porque a família está toda junta e é tão bom estar ali naquele momento, conversar, jogar jogos, receber o Pai Natal de “mentirinha” e ver a magia nos olhos das crianças e esperar que aqueles momentos durem para sempre. No Brasil, o Natal acontece nas férias de Verão, ou seja, correspondendo às nossas férias de Agosto, então muita gente aproveita para ir com a família para a praia ou para viajar e é engraçado ver como tem tradições diferentes. Por exemplo, na noite de Natal não se come bacalhau, mas sim peru ou chester e comem-se rabanadas, mas também Panetone, que vem da influência Italiana.
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Já Passagens de Ano temos passado algumas no Brasil (só uma em S. Paulo) e, devo dizer, para quem ainda não teve oportunidade de experimentar, que é do melhor que há. A nossa primeira Passagem de Ano no Brasil foi no Rio de Janeiro e foi simplesmente inesquecível: 38 graus, um sol arrasador, muitas caipirinhas e originais. Sei que 38 graus é um exagero, custa a dormir e tudo, mas naquele ano soube-nos muito bem. Foram apenas três dias, já conhecíamos o Rio e fomos aproveitando um pouco do que mais gostamos por la, como o brunch no La Bicicléte do Jardim Botânico e na Colombo no Forte do Arpoador, jantar no Sushi Leblon, relaxar, fazer praia, tomar muito banhos de mar, entre muitas outras. Naquele ano o mar estava limpo e transparente, o que é difícil de acontecer, em especial no Ano Novo e Carnaval. No Ano Novo, o Rio de Janeiro fica cheio de gente, os lugares mais turísticos ficam impossíveis, as praias e restaurantes cheios. É possível fazer diferentes tipos de Passagem de Ano no Rio, consoante o que se quer gastar – tem algumas festas chiques e tradicionais, como a do Copacabana Palace – mas também tem vários hotéis com jantares e vistas maravilhosos, inúmeras possibilidades de cruzeiros e há depois há ainda tradicional festa na praia de Copacabana, com fogo de artificio e muitos concertos ao vivo. O que é comum é as pessoas todas se vestirem de branco e como fica lindo, todo a gente vestida de branco!
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Nós optamos por jantar num lugar em Ipanema, que não foi memorável, mas que era dos poucos que estava aberto e disponível, porque não marcamos com antecedência. Depois disso encontramo-nos com uma prima e os amigos que estavam a fazer Erasmus e fomos para a Praia de Copacabana. Já chegamos perto da meia noite, levamos pequenas garrafas de champanhe, tivemos que ir furando a multidão para conseguir um espacinho na praia e acabamos todos a saltar as sete ondas (uma das tradições do Brasil, em vez de se comer as uvas passas, saltam-se 7 ondas) e a mergulhar no mar completamente vestidos (não que tivéssemos muita roupa, como é obvio). Mergulhar à noite no mar é uma das sensações mais incríveis. Se ainda não experimentaram, façam. Mesmo quando o mar está cheio de flores que se oferecem a Iemanjá (mais uma das tradições da noite de final de ano). A noite foi incrível e agradeço por me ter encontrado com aquele grupo de “miúdos” de vinte anos, porque se tivesse apenas eu e o meu marido talvez não tivéssemos arriscado mergulhar no mar. Com eles ali fizemos aquela “loucura” e ficamos com mais um momento memorável para recordar e deixar saudade.
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A outra passagem de ano memorável foi num lugar chamado Caraíva, que como diriam os Brasileiros “é tudo di bom”. Caraíva fica do lado da badalada cidade de Trancoso e da famosa praia do Espelho, mas é um lugar totalmente relaxado e do melhor que há. De Porto Seguro (aeroporto) até Trancoso há estrada de asfalto, de Trancoso até Caraíva o acesso é por uma estrada de terra batida e tem que se fazer um pequeno percurso de balsa (pequeno barco/canoa), pelo que só vai até lá quem quer mesmo. Chegando lá, as ruas são de areia, a maior parte das pessoas anda descalça ou de havaianas e as malas são levadas ao hotel numa pequena carroça puxada por um burro. Ou seja, é um daqueles paraísos raros. O lugar é lindo, as pessoas são incríveis, come-se bem, as festas (há festa pré-ano novo, de ano novo e pós-ano novo) são fora de série e tem uma mística qualquer que nos deixa completamente apaixonados e com vontade de voltar. É possível saltar as sete ondas, fazer os pedidos e oferendas a Iemanjá e tomar banho no mar à noite ou ao amanhecer!
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Claro que ainda há outros lugares a explorar, mas essa é uma das vantagens de se morar fora, a possibilidade de ir conhecendo aos poucos lugares que de outra forma, provavelmente não iriamos conhecer.
VISTO DE FORA
Dias sem ir a Portugal: em Portugal
Nas noticias por aqui fala-se da tomada de posse de Bolsonaro.
Um número surpreendente: 2,4 milhões de pessoas foram o número de pessoas que passou o Final de Ano no Rio de Janeiro.
Sabias que por cá come-se bacalhau na Páscoa e não no Natal e que as tradições de Natal são comer perú ou chester, rabanadas e panetone (que vem da Itália).