Muitas vezes, leigamente, os termos eficácia e eficiência são usados intermutavelmente quando representam coisas bem distintas: eficácia é obter-se o resultado pretendido; eficiência é obter-se um resultado pretendido, mas com o menor uso de recursos possível. Isto significa que podemos ser eficazes mas não eficientes. E, também, que a máxima eficiência pode não ser compatível com o máximo resultado.
Vejamos exemplos: um clube de futebol tem como desígnio de eficácia ganhar títulos. Para maximizar a probabilidade de os ganhar, fazer investimentos massivos nos jogadores e treinadores pode ser o caminho. Mas, assim, pode ser um clube que fique longe da eficiência. Um clube que gaste muito menos pode não conseguir ser campeão, mas pode obter muitos mais pontos por euro investido. Neste caso concreto, a não ser que a gestão financeira do clube assim o imponha, a tendência é para se gastar a todo o custo, maximizando a probabilidade da eficácia, mesmo sacrificando a eficiência.
Noutras áreas da vida, individual e coletiva, a eficiência é fundamental.
Nas empresas, a maximização do retorno no investimento (ROI) faz-se através da maximização da eficiência (uma comparação entre aquilo que se investiu e aquilo que se obteve), não através da simples maximização do lucro (uma medida de eficácia).
Na questão mais fundamental de todas, termos vidas longas e felizes, a distinção também importa.
Uma coisa é conseguirmos maximizar o número de anos de vida feliz que temos. Essa é a eficácia. Outra, será fazê-lo usando o mínimo de recursos possíveis.
Quando pensamos à escala nacional ou mundial, a questão de maximizar a vida longa e feliz (o velho desígnio utilitarista benthamiano) torna-se um problema de eficiência: é que não sendo os recursos planetários infinitos (a energia não é infinita), temos que encontrar formas de produzir vidas longa e felizes (a eficácia), consumindo poucos recursos (a eficiência).
E é interessante olhar para o indicador Happy Planet Index, computado pela organização Hot or Cool Institute, que mais não é que um índice de eficiência, em termos de pegada carbónica, na produção de vidas longas e felizes: é que o ranking dos países mais eficazes e mais eficientes é bem diferente.
O top 10 dos países que, em 2021 (dados mais recentes deste indicador), conseguiam produzir, em média, vidas mais longas e felizes era, por ordem decrescente: Finlândia, Dinamarca, Islândia, Israel, Suécia, Suíça, Noruega, Austrália, Holanda e Nova Zelândia. Porém, se tivermos em linha de conta quanta pegada carbónica cada país deixou para produzir estas vidas longas e felizes (a eficiência), o top 10, por ordem decrescente, passa a ser mais surpreendente: Vanuatu, Suécia, El Salvador, Costa Rica, Nicarágua, Dinamarca, Espanha, Panamá, França e Chile (curiosidade – Portugal fica logo a seguir, em 11º em 147 países medidos, na eficiência na produção de pessoas com vidas longas e felizes por unidade de pegada carbónica produzida).
Num tempo em que vivemos ameaçados pelas alterações climatéricas e em que a sustentabilidade é um fator crítico, devemos almejar o duplo desiderato: ser eficaz a produzir vidas longas e felizes, mas não exaurir o planeta (ou os outros países) nessa busca (e sim, os países nórdicos continuam os melhores exemplos).
Nota final: este indicador não toma em conta, assim como PIB também ignora, se os países são democráticos ou ditatoriais (no top 10 do PIB, neste estudo, encontram-se as ditaduras do Qatar e dos Emirados Árabes Unidos).
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