Alerta de spoiler: não se preocupem que não haverá spoilers. Não vi a série coreana da Netflix chamada Squid Game (e é provavelmente por isso que mantenho uma saúde mental superior à dos espectadores do programa), mas tenho uma proposta para evitar que ela influencie negativamente as nossas crianças e jovens: proibir. Retire-se do menu da Netflix, como se faz nos restaurantes. “Já não há lulas.” Assim, as crianças e jovens podem voltar para a paz tranquila da internet, onde não encontram qualquer espécie de violência, por mais que procurem. O ideal era que se dedicassem a ler a Bíblia. Não tenho notícia de alguém ter cometido atrocidades por causa do que leu em qualquer livro sagrado. Como sempre acontece quando alguém propõe benignamente uma proibição, sei que vou ouvir críticas. Há quem considere que, uma vez que é possível detectar alguma violência no mundo (se estivermos mesmo muito atentos é, de facto, possível), remover a série do catálogo da Netflix equivale a achar que se diminui o oceano se lhe retirarmos um cálice de água. A verdade irrefutável é que, por causa da água daquele cálice, já ninguém se afoga.
Eu já tinha apreciado o esforço moralizador da Netflix quando, respondendo a vários pedidos, prometeu eliminar o consumo de tabaco das séries classificadas para menores de 14. Quando, na segunda temporada de Stranger Things, os monstros matam violentamente o Bob, lembro-me de ter pensado: “As crianças e adolescentes não irão ficar perturbadas com o facto de, dois minutos antes de haver monstros a banquetearem-se com um cadáver, o Jim Hopper ter fumado um cigarro?” Felizmente, na quarta temporada já ninguém fumará nesta série passada nos anos 80. Confirmando que se trata de ficção científica.