Primeiro, um jornalista da Lusa, chamado Hugo Godinho, escreveu uma notícia em que, numa lista de deputados, o nome de Romualda Fernandes aparecia com a seguinte indicação entre parêntesis: (Preta). Na Lusa, ninguém reviu a notícia e ela seguiu para as redacções. Depois, vários outros meios de comunicação social receberam a notícia e também a republicaram sem a rever. Quando, finalmente, a notícia foi lida por um homo sapiens sapiens, percebeu-se que talvez o texto tivesse um pequenino problema, e alguém tentou apurar responsabilidades. Na melhor das hipóteses, foram dar com Hugo Godinho um pouco corado de vergonha. Muito embora, pelo modo como concebe notícias, se perceba que talvez ainda esteja um bocadinho verde para trabalhar na agência Lusa. Apesar de escrever como um camisa castanha. Como se vê, o caso tem mais cores do que um arco-íris.
Antigamente, os órgãos de comunicação social funcionavam de outra maneira. Ainda me lembro: o jornalista escrevia a notícia, o revisor chamava a atenção para incorrecções, a notícia era corrigida e publicada, e depois o jornal ia parar a uma tasca onde um bêbado talvez fizesse comentários indecentes. Agora é ligeiramente diferente. O jornalista faz comentários indecentes, o revisor é o leitor, que chama a atenção para incorrecções mas já não chega a tempo de evitar a publicação da notícia no jornal, que vai parar a uma tasca onde um bêbado talvez diga: sim senhor, bom jornalismo.