Primeiro, fecharam tudo. Cancelamentos, adiamentos e angústia diante do que devíamos estar a marcar na agenda e não estávamos. Depois, reabriu-se a medo, reagendámos a custo. Após muito trabalho de divulgação de novas datas, a aplicação das medidas de segurança foi irrepreensível, provando-se sempre o respeito do setor da Cultura pelas normas da DGS, mesmo que a limitação de lotação tenha inviabilizado muitos eventos. Metade da bilheteira não chega, na esmagadora maioria das vezes, para fazer face a todas as despesas que um espetáculo acarreta. Apesar da relativa abertura, os festivais continuaram cancelados, e foi mesmo apenas à custa de muita capacidade de adaptação que o setor conseguiu manter alguma programação cultural. Diria até que foi contra todas as circunstâncias e contra a total falta de apoio.
Quando voltaram os meses difíceis, entre fases de confinamento com tudo cancelado e outras de maior abertura mas muito condicionadas, novas adaptações foram feitas. Os horários tiveram de ser alterados e fomos obrigados a antecipar os espetáculos para os finais de tarde dos dias úteis e para as manhãs de fim de semana. Uma jigajoga infinita para conseguir trabalhar. Horas de luta foram necessárias para reagendar os eventos e remarcar horários, e muito investimento foi aplicado em divulgação, para que o público ficasse a par da montanha-russa de remarcações em que a nossa vida se transformou. Trocas e mais trocas de bilhetes, na senda de tentar perceber se acontece ou não, em que dia e hora e se a proibição de mudança de concelho impediria ou não a afluência. Em suma, fizemos de tudo para trabalhar, sempre entre o caos e o desgaste.