Embora não exista uma definição oficial de saúde mental para a Organização Mundial de Saúde, ao pensar neste conceito associo-o de imediato ao nível de qualidade de vida cognitiva ou emocional. Este tipo de problema não se reduz à ausência de uma doença mental. Pelo contrário, considero que uma das principais tarefas que nós, educadores e profissionais de ensino temos, hoje, é estarmos atentos a todos aqueles que, de uma forma ou de outra, viram afetada a sua saúde mental. Por vezes, são apenas pequenos sinais. A ansiedade que desperta e se torna visível, o medo, o desleixo, a incapacidade de reagir, por vezes chega mesmo a ser a desmotivação para acordar.
A notícia do jornal Público, de dia 14 de junho de 2021, é inequívoca da gravidade deste tema: Inquérito realizado pelas Associações e federações Académicas de âmbito nacional, que contou com 4013 respostas, indica que 53% dos inquiridos demonstram, ter indícios de problemas do foro mental graves e 28% tiveram necessidade de tomar medicação.
Após os dois períodos de confinamento vividos por nós em dois anos consecutivos, 2020 e 2021, posso afirmar que os seus efeitos nos jovens e adolescentes são preocupantes e podem vir a revelar-se catastróficos nos próximos tempos. Quanto aos adultos que, como eu, os viveram a gerir aulas a distância, contactos permanentes com alunos e com os seus encarregados de educação, gestão de problemas de toda a espécie que ultrapassaram largamente as funções de um professor, passámos a dormir menos e pior. No que diz respeito aos alunos, todos aqueles com quem falei confessaram terem reduzido os seus contactos sociais e, posso garantir-vos, não está revelar-se fácil retomá-los. As pessoas, regra geral passaram a ser menos interessantes do que os computadores ou os telemóveis. Parece que nada trazem de novo ou de interessante para lhes acrescentar. Nem mesmo os professores. Talvez já assim fosse antes mas eu andava distraída… Vivendo em piloto automático, não me apercebera disso. Os passeios ao centro comercial e a visita às lojas eclipsaram-se. Sair de casa é quase uma verdadeira tortura e sair das redes sociais para abrir um livro ou estudar um esforço hercúleo.
Anda assim o mundo de muitos jovens. Aquelas conversas triviais com amigos e conhecidos? Muitas passaram a ser evitadas e substituídas por um sms curto, rápido. Já não fazem esforços para quase nada. Tudo o que são ou julgavam ser, todos os sonhos por realizar parecem ter-se diluído nos muitos meses de isolamento e solidão. Por isso, lanço-vos este repto: Se te sentires a escurecer por dentro, faz como nós fizemos, procura ajuda!