Coloquei a questão “O que duplicaria a sua felicidade?” a milhares de pessoas ao longo dos anos e as suas respostas foram, na sua maioria, muito semelhantes.
Fomos e continuamos a ser ensinados desde tenra idade de que a felicidade, a alegria, o bem-estar, a realização e até a paz interior dependem de circunstâncias exteriores. Pior, fizeram-nos e continuam a fazer-nos acreditar, das mais variadas formas e feitios, que podemos ter o controlo sob essas mesmas circunstâncias e que se não conseguimos tê-lo não seremos bem-sucedidos, muito menos felizes.
A pergunta é: Será que isso é mesmo verdade? Será que para se sentir bem e sentir felicidade algo tem de acontecer exteriormente?
Será que o seu bem-estar é um estado interno ou depende que algo se manifeste no mundo externo?
Quando colocava esta questão, a maioria das pessoas, creio que mais de 90%, afirmava que se acontecesse “A”, “B”, “C” ou “D” nas suas vidas, então seriam felizes. Condicionavam a forma como se sentiam a acontecimentos externos. Projetavam a sua felicidade no futuro, em vez de tentar encontrá-la no presente, e baseavam a sua confiança em situações incertas.
A forma como se sentiam no presente dependia do que viesse a suceder ou não no futuro. Adiavam sentir-se bem, para o dia seguinte ou, quem sabe, para o ano ou anos seguintes.
Não viviam no presente, não viviam no futuro, viviam num tempo chamado “expectativa de vir a acontecer e ser finalmente feliz”, ainda que essa mesma felicidade se esgotasse no momento seguinte.
As respostas vão desde sair o euromilhoes, ter um emprego melhor e mais bem pago, ganhar muito dinheiro, encontrar a alma gémea, perder peso, ter um corpo escultural, ter fama e sucesso, dar a volta ao mundo, comprar a casa ou o carro dos sonhos, ter uma relação sempre apaixonada e sem discussões, o companheiro pensar e reagir igual…
Mas, será que para se sentir bem, alegre e feliz precisa realmente de colocar a sua vida na dependência de acontecimentos incertos e tirar o passaporte para viajar até ao futuro imaginário e passar a viver lá?
Não creio! Sabe porquê? Porque isso pode significar o mesmo que entregar a sua vida “em mãos alheias”, neste caso a um “futuro alheio” e quando menos esperar, ele vai ficando cada vez mais pequenino e a sua vida quase a esgotar-se.
Não pode ser feliz apenas quando sucede o que quer. Pode sentir-se alegre e feliz antes do futuro chegar ou qualquer coisa acontecer.
A sua vida é para ser vivida agora não no futuro!
Sabe quando consegue o que quer? Quando aprende a ser feliz sem isso.
O que se passa ao nível das relações amorosas é bem exemplificativo dessa mesma realidade:
A obsessão em encontrar uma companhia e namorar, que tem por detrás o medo de não ser amado e ficar só, a maioria das vezes tem consequências trágicas na escolha desse companheiro e na relação que poderá ter. As pessoas obsessivas por ter uma relação amorosa tendem a atrair e sentir-se atraídas por pessoas que igualmente fazem depender a sua felicidade e bem-estar de uma outra pessoa e de tudo o que venha a suceder. Atraem pessoas inseguras e com um conceito de relação com base na dependência emocional. Estas são as típicas relações em que um dos dois, ou por vezes os dois, esgotam o seu poder de dádiva e nada vai ser suficiente, pois o outro não vai valorizar, pelo contrário, vai se afastar mais e mais e mais, na incessante espera de um algo que não existe e só existe na sua cabeça.
Somos muito mais atrativos quando emocionalmente independentes do que dependentes, qualquer que seja a dependência. Relações de dependência não são relações de Amor, são relações patológicas.
Quando necessita de uma pessoa não pode amá-la. A sua necessidade de que ela preencha os seus vazios interiores e o seu medo de a perder, vão fazer com que o egoísmo e as exigências imperem. A espera de que o outro o faça feliz talvez seja ainda mais frustrante, inglória e sofrida do que a própria solidão.
Quando não existe necessidade de moldar, que esteja ou não esteja, que telefone ou envie mensagem a cada minuto, que faça ou não faça, que pense ou não pense, que se comporte ou não comporte, quando se aceita aquilo que é (desde que não fira os seus valores, princípios, convicções), se fazem pedidos, não exigências ou cobranças, se respeita e se espera em Deus e em nós e não no outro, tudo flui e somos emocionalmente independentes. Amar não é depender é ser Livre!
É esperar em Si e por Si. Não ficar à espera que o outro colmate, preencha, descubra, dê… aquilo que você tem a obrigação de descobrir, dar-se e viver agora.
A felicidade, a alegria, o Amor, moram dentro de uma casa no seu coração. Não estão na rua, não estão em ninguém. Estão dentro de si. (um companheiro apenas pode potenciar o que já existe, não “criar” aquilo que não existe!) Senti-los, não depende do que vai acontecer nem amanhã, nem depois… depende de olhar para dentro de si.
Por mais difícil que seja o que está a viver, a felicidade a alegria e o Amor continuam a morar e a viver dentro do seu coração e a chamar-lhe a atenção para os pequeninos pormenores do seu dia a dia que vão conduzi-lo até eles. Se estiver atento e observar, existem tantos nadas que são tanto na sua vida. Descubra-os! Eles são reflexo de que pode e deve amar-se agora, pode e deve sorrir agora, pode e deve sentir felicidade agora. Eles são o “Sol” da sua vida que o podem encher de Esperança, Agora!
Quando decidir não adiar Amar-se mais, Sentir mais, Aceitar mais e Viver mais o que está a acontecer, não vai precisar de esperar mais o futuro chegar, para ser o que quer ser, sentir o que quer sentir e viver o que quer viver.
Agora, é você quem decide como se quer sentir. Não os outros, nem aquilo que pode vir ou não a suceder.
Agora você é livre e conhece o caminho para o seu coração!