Pessoalmente, acredito que os interiores irradiam beleza quando o seu design cria espaços intemporais definidos pelo essencial: luz, forma e material. A obtenção disso requer o que gosto de chamar “complexidade subestimada”, ou seja, a criação de ambientes que parecem simples, mas escondem um alto nível de complexidade. Esse nível de complexidade deve ser entendido como um conjunto de camadas – à medida que vão sendo anuladas, os espaços vão-se despindo.
Portanto, a palavra menos deve ser entendida apenas de forma superficial. Na verdade, o objetivo passa por conseguir limpar a desordem e chegar ao cerne da autenticidade, simplicidade e riqueza. Para tal, é importante procurarmos o equilíbrio entre o mínimo e o supérfluo – sou absolutamente contra o tipo de minimalismo frio e que carece de alma. Dito isto, deve procurar que os seus espaços permaneçam puros, ricos em camadas e contrastes capazes de criar uma espécie de sensualidade calorosa.
Neste sentido, a função da arquitetura passa por criar contextos autênticos, nos quais podemos encontrar e estar em paz. É uma busca pela intensa simplicidade que contrabalança com a violência visual do mundo. Esta busca pela simplicidade nada tem a ver com preguiça: é antes o resultado de uma convicção de que os seres humanos precisam de espaços harmoniosos, uma petição por um retorno a uma abordagem na qual o silêncio pode reclamar o seu lugar.
Assim, o facto de por vezes identificarmos e caracterizarmos um trabalho como minimalista, pode também levar a um paradoxo de que a execução simples e precisa é mais cara, embora, aparentemente, ofereça menos.
Num mundo onde somos bombardeados com imagens, muitas pessoas não conseguem entender ou aceitar isso, porém é nas coisas mais simples que, muitas vezes, inconscientemente, gostamos de nos encontrar.
Bom agosto, e para aqueles que vão conseguir tirar uns dias, boas férias.