Há dez anos que a SIC me dá o privilégio de fazer o que gosto e coloca o resultado em prime time. Tenho esse privilégio há muito mais tempo, tenho tido a incrível sorte de trabalhar quase sempre com prazer. Quando digo dez anos é apenas desde que o Futuro Hoje tem genérico próprio e lugar certo no Jornal da Noite, o dia da semana já mudou várias vezes.
Perguntas mais recorrentes:
- Que telemóvel devo comprar?
- Não sei, depende dos gostos e necessidades de cada um. Sobretudo é um disparate comprar uma máquina que custa quase mil Euros só porque é moda e apareceu no Futuro Hoje.
- Preferes Android ou Apple?
- Gosto de todos e do Windows Mobile também, só tenho pena que não consiga descolar no mercado. Qualquer um destes sistemas é muito bom e tem melhorado a olhos vistos. E já agora, uso sempre dois diferentes ao mesmo tempo, para não ficar para trás.
- Porque é que não tens um programa maior e independente?
- Eu pelo menos prefiro assim. Fazer um programa grande sobre tecnologia implica meios incomportáveis. Acabam quase todos por fazer pequenas histórias e depois “enchem” o resto do tempo com longas e tediosas entrevistas. Nada mais chato do que ver um tipo sentado a falar de tecnologia numa linguagem que só ele percebe. Acresce que a tendência de um programa maior é começar a falar para um público mais específico. Para um público que já tem nas muitas fontes da Internet, muito mais informação sobre tecnologia do que consegue digerir. O interessante, o que me fascina é levar um pouco deste mundo a quem não o domina, até mesmo aqueles que já não vão usar mas gostam de saber o que se passa para não se sentirem excluídos e, claro, a todos os que não vivendo para a tecnologia descobrem no Futuro Hoje pistas para ir mais longe. O palco ideal para isto, é o Jornal da Noite.
- O que te faz correr?
- O espanto. Todos os dias quando vejo aviões lá em cima (e já voei em muitos) fico espantado com a nossa capacidade de invenção, com o engenho humano. Uma vez a ler numa esplanada uma daquelas revistas que descreviam a maravilha tecnológica de um processador DX4 (sim, foi há muitos anos e não em esqueci) vi um minúsculo pássaro olhar para um lado e depois para o outro, e saltar para um degrau junto a ele. Que maravilha! Aquele pássaro decidiu por si próprio que ia saltar para o degrau. Porque sim, porque quis. Isto ainda nenhum computador, mesmo hoje, consegue fazer. Por isto também me espanta o pouco que conhecemos, tão pouco que com toda a conversa de inteligência artificial não conseguimos perceber porque é que aquele pássaro fez o que fez, muito menos replicar com uma máquina a sua decisão. Quando eu era miúdo vi em directo um homem pousar na Lua. Estava longe de saber que um dia traríamos no bolso computadores capazes de comunicar instantaneamente com qualquer pessoa, quanto mais que isso seria banal. Quando eu era miúdo nem na ficção científica se imaginava a rede global que hoje faz parta da nossa sociedade. Tive a sorte incrível de nascer numa época maravilhosa. É um privilégio ter como tarefa diária espantar-me com todas estas coisas e poder partilhar um pouco desse espanto. Obrigado.