Apesar do aspeto fofinho e irresistível que um coelhinho possa ter na loja de animais, não é um brinquedo animado, mas sim uma criatura viva. A escolha de um animal, para fazer parte da família, deve sempre levar em consideração as suas características biológicas e fisiológicas. Sendo a adoção um compromisso de responsabilidade para a vida, o ideal será que sejam cuidadosamente avaliadas todas as necessidades da espécie, para que se lhe possa oferecer a possibilidade de expressar todos os comportamentos naturais. Se não dispõe de meios logísticos ou económicos para lhe proporcionar tal possibilidade, o melhor será escolher outra espécie, ou não adotar de todo. O ideal, numa adoção, é que ambas as partes saiam beneficiadas. Os benefícios, para os humanos, resultantes do convívio com animais, está largamente estudado e é, hoje em dia, aceite pela sociedade em geral. No entanto, não podemos concentrar-nos nas vantagens que os nossos semelhantes retiram deste relacionamento. A perspetiva do animal não deve ser esquecida. Não pode ser encarado como um brinquedo que existe para satisfazer todos os caprichos do seu tutor. Tem que ser respeitado na sua particularidade como espécie e na sua individualidade.
Numa adoção responsável, tudo deve ser feito para proporcionar ao adotado uma vida longa e saudável, tanto física como psicologicamente. O primeiro passo para o tornar possível, passa por conhecer um pouco a espécie em si. O coelho doméstico, não é um roedor. Pertence à ordem “lagomorpha” e a espécie mais comum é o coelho europeu ou “Oryctogalus cuniculus”. A sua origem é muito discutida, mas um grande número de autores acredita que descende do coelho selvagem europeu, originário da península ibérica. Os fenícios foram os primeiros a deixar registo escrito sobre a presença de pequenas criaturas tímidas e peludas, avistadas em Espanha. Vivem em famílias numerosas, em tocas subterrâneas, com várias câmaras, ligadas entre si por túneis. Os prados e zonas cultiváveis são os preferidos para a construção das tocas, onde permanecem durante o dia, saindo de madrugada para se alimentar. A maioria dos coelhinhos nascem na primavera, quando o alimento é mais abundante, depois de um tempo de gestação de cerca de 30 dias. Os pequenos nascem completamente dependentes dos cuidados maternos, cegos, surdos e sem pelo, permanecendo na toca durante mais ou menos 3 semanas. As raças domésticas foram criadas a partir do coelho silvestre, inicialmente para consumo da sua carne e aproveitamento da sua pele. A sua criação para companhia dos humanos é uma experiência recente e muito bem sucedida.
1 – Como escolher.
É fácil apaixonar-se por qualquer uma das bolinhas de pelo que veja na loja de animais, mas deverá ponderar bem, antes de tomar uma decisão e lembrar que estes animais vivem em média 8 anos. A melhor idade para a adoção será entre as 9 e as 12 semanas. Por esta altura o coelho já não depende da mãe, mas ainda poderá socializar facilmente, habituando-se a ser manipulado pela família humana. Verifique cuidadosamente a sua saúde, dando especial atenção aos seguintes pontos:
– O pelo deve estar limpo e brilhante, sem zonas húmidas ou falhas na pelagem.
– As orelhas devem estar limpas e rosadas, sem escamas ou corrimento purulento.
– Os olhos devem estar limpos e brilhantes, sem supurações ou inchaços.
– As unhas não devem estar demasiado compridas.
– A boca não deve ter odor fétido, os dentes devem estar limpos e bem conformados, os superiores encaixando perfeitamente nos inferiores.
– O nariz não deve ter qualquer tipo de corrimento purulento (verifique se o animal não espirra frequentemente).
– Verifique a zona anal, para descartar sinais de diarreia.
A maior parte das lojas vende coelhos sem raça definida. Se pretender um animal de raça pura, deverá informar-se sobre os criadores, para comprar diretamente aos mesmos. Mas um animal cruzado poderá ser tão ou mais atrativo que um de raça pura, tendo um preço muito mais acessível. Numa associação de proteção animal ou num centro de recolha oficial, da câmara municipal da sua localidade, poderá também encontrar animais abandonados, que precisam de uma casa. A escolha do sexo não é tarefa fácil, uma vez que, quando em stress, muitos animais recolhem os testículos, deixando a dúvida sobre se é uma fêmea ou um macho. É comum que o vendedor ou mesmo o veterinário se enganem na identificação e venha a descobrir, uns meses passados, que o animal que tem em casa é, na verdade de sexo diferente do que havia pensado. Na tentativa de fazer a identificação, coloque o coelho de barriga para o ar, com o dorso apoiado na sua mão e pressione gentilmente, com o dedos, a zona genital. Os machos têm uma abertura genital redonda e uma suave pressão exteriorizará o pénis. Nas fêmeas, a mesma abertura tem a forma de uma fenda. Esta distinção torna-se ainda mais importante quando o objetivo é juntar vários animais em pequenos grupos domésticos, uma vez que a presença de um discreto macho, num harém de fêmeas, promoverá, rápida e eficazmente, a proliferação descontrolada e indesejada das pequenas bolinhas de pelo. Assim como a junção de machos inteiros, confundidos com fêmeas, acabarão por se tornar incompatíveis, encetando lutas, nas quais se podem ferir gravemente.
2 – Proporcione-lhe companhia.
Os coelhos são animais sociais, por natureza. Serão, com toda a certeza, mais felizes se viverem em pequenos grupos. O melhor será reunir duas ou mais fêmeas, no mesmo espaço, uma vez que, conseguem conviver pacificamente. No entanto, as grávidas, poderão necessitar de alojamento separado. Ao contrário, os machos dificilmente se entenderão, a partir dos 3 meses de idade, a menos que pertençam à mesma ninhada. Quando atingem a puberdade, tornam-se agressivos para os outros machos. A esterilização pode evitar este tipo de conflito e permitir a coabitação. Quando não é possível adotar dois coelhos, ou porque são machos inteiros, ou por qualquer outra razão, deve ser ponderada a hipótese de promover o convívio de animais de espécies diferentes. Um porquinho da India, uma tartaruga, ou mesmo uma ave, pode ser uma boa opção, quando ambos se habituarem à presença um do outro, ainda jovens. Esta associação de espécies compatíveis evita as lutas relacionadas com a competição sexual, com todos os riscos que essas mesma disputas acarretam, para a integridade física do envolvidos. Amizades improváveis entre coelhos e gatos e entre coelhos e cães, são perfeitamente possíveis, mas devem ser vigiadas atentamente. A natureza predatória dos carnívoros pode manifestar-se inesperadamente e ocorrerem acidentes graves. Se o coelho estiver completamente solitário, precisará de uma dose reforçada de interação com a família humana, promovendo momentos acrescidos de brincadeira, grooming ou simplesmente atenção.
3 – Ofereça-lhe alimentação adequada.
Os coelhos são herbívoros. Como tal, precisam de uma dieta quase exclusivamente de origem vegetal. Deverá conter proteína, gorduras e hidratos de carbono, combinados com vitaminas e minerais. Mas as proteínas e gorduras são de origem vegetal. O FENO deverá ser o principal alimento do coelho doméstico. Favorece o desgaste dos dentes, que são de crescimento contínuo e ajuda a preservar a saúde do aparelho digestivo. A quantidade diária deverá rondar as 150 gramas por cada kilo de peso do animal. Os LEGUMES FRESCOS devem perfazer as 100 gramas diárias por kilo de peso e serem oferecidas a cada 4 horas, bem lavados. O ideal é oferecer 3 variedades diferentes por dia, garantindo um aporte nutricional completo. Poderemos escolher a salsa, folhas de beterraba, de rabanete, de couve, de cenoura, de pepino e de brócolos, rúcula, almeirão, agrião, feijão-verde, pimento, alcachofra, endívias, pepino, cenoura, trevo, dente de leão e em menor quantidade, espinafres, repolhos, tomate, brócolos, folhas de alface, beterraba e couves de bruxelas. A RAÇÃO seca não deve ultrapassar os 15% da dieta, exceto se se tratar de uma cria até aos seis meses. Para estes pode ser dada sem restrições, exceto se estiver com excesso de peso. Deve optar por uma marca rica em fibra, de preferência em granulado, uma vez que se for em sementes, a coelho escolherá o que mais gosta. As FRUTAS pode ser dadas, mas de forma controlada, devido ao alto teor de açúcares, não ultrapassando os 10% da totalidade dos alimentos diários. As variedades permitidas incluem a maçã, sem sementes, banana, pera, pêssego, kiwi, manga, melão e melancia. As GULOSEIMAS, que encontra nas lojas da especialidade, só podem ser oferecidas como prémio, numa sessão de treino ou numa ocasião especial. Na natureza, os herbívoros despendem a maior parte no seu tempo na alimentação. Quando domesticado, deve-lhe ser proporcionada igual possibilidade, uma vez que a atividade com ela relacionada o manterá saudavelmente ocupado. Esta é a razão porque é tão importante facultar o acesso a comida fresca, apesar da ração poder ser mais controlada em termos nutricionais, conseguindo concentrar os variados componentes na quantidade adequada ao estado de desenvolvimento do coelho. Nunca descure a higiene dos comedouros, uma vez que se podem desenvolver bactérias nocivas nos restos de comida em decomposição. Lave-os diariamente. Evite disponibilizar este tipo de alimento no chão do alojamento. Se lhe permitir alimentar-se num relvado ou prado exterior, certifique-se que este não foi tratado com herbicidas, pesticidas ou adubos. Poderá usar uma vedação, mas facultando-lhe sempre a possibilidade de se esconder, se assim o entender. Faz parte do processo normal de digestão aquilo a que chamamos “pseudo-ruminação”. Desta forma ingerem pequenos pedaços de comida semi-digerida, retirada diretamente do ânus para a boca. Este procedimento permite uma melhor digestão da dieta herbívora, muito fibrosa e difícil de fragmentar. Coelhos aos quais não é permitido efetuar este comportamento, morrem em poucas semanas.
4 – Disponibilize, sempre, água fresca.
A água deve estar sempre disponível, em bebedouros próprios, tipo biberão, com tetina em alumínio. Estes dispositivos mantêm a água sempre limpa, uma vez que não há contacto do liquido com o ambiente, para além de que são mais difíceis de entornar. Mas mesmo assim jogue pelo seguro e disponibilize pelo menos dois bebedouros, para que, se um deles ficar vazio, há sempre uma segunda hipótese. A água é essencial à vida. A sua falta, mesmo que por tempo limitado, pode ter efeitos devastadores na saúde do coelho. Mantenha os bebedouros limpos, livres de algas verdes que se desenvolvem no seu interior. Limpe-os com arroz cru e água, agitando energicamente a mistura, até se soltarem as impurezas. Passe por água limpa. Renove diariamente a água dos bebedouros.
5 – Disponibilize alojamento adequando.
A diversidade de caracteres externos existente entre as várias raças de coelhos, não reflete as semelhanças que mantêm com os seus parceiros assilvestrados. Independentemente do grau de pureza da raça escolhida, biologicamente continuam a estar muito próximos da versão não domesticada. Em cativeiro, precisam de um ambiente que se assemelhe o mais possível às condições naturais, sobretudo em relação ao espaço disponibilizado. É muito importante que os animais disponham de uma área para explorar, uma vez que, na natureza, se movimentam numa extensão considerável. Devem poder contactar com o solo natural e com as ervas de um relvado ou prado. O verdadeiro desafio de um tutor será o de arranjar forma de reproduzir as condições naturais, no habitat doméstico do seu coelho, sem que isso acarrete riscos desnecessários. O ideal seria alojar os animais num local exterior, mas com acesso a um abrigo confortável, seco, impermeável arejado e espaçoso, que tenha sido construído a pensar na finalidade, para se poder facilmente limpar. O acesso ao seu interior poderá ser feito através de rampas ou escadas e este poderá ser fechado durante a noite, para os proteger de eventuais inimigos ou das intempéries. Durante o dia pode circular livremente entre o interior do abrigo e os espaço exterior, delimitado por uma vedação. Nalguns casos todo o jardim poderá ser utilizado, se for seguro. No entanto não devemos esquecer que os coelhos irão escavar os canteiros e mordiscar as plantas decorativas. Se não for possível este tipo de alojamento, poderá optar por os alojar dentro de casa, mas permitir que passem algum tempo no exterior. Mantenha-os seguros utilizando uma vedação amovível, de preferência fechada nos lados e por cima, deixando a possibilidade de contactarem com o solo. É muito importante que estes animais contactem com o solo. A sua felicidade será mais completa que lhe for permitido correr, saltar, escavar, mordiscar e explorar. Mas cuidado com a temperatura exterior. São seres sensíveis, que têm alguma dificuldade em arrefecer o corpo, uma vez que não transpiram. O golpe de calor é frequente em animais deixados ao sol, sem possibilidade de se esconder. Também o frio pode ser muito perigoso. Se o local onde habita não lhe permitir deixar que tenham acesso ao exterior, nunca os deixe confinados a uma pequena gaiola. No mínimo permita-lhes sair por longos períodos, para explorar e se exercitar. O ideal será ter a porta da gaiola aberta, para que possam sair e entrar livremente, mesmo que a mantenha fechada durante a noite. Nunca esqueça que os coelhos podem ser muito destrutivos e roer fios elétricos ou objetos valiosos. Uma alternativa poderá ser a de montar um cercado interior, para onde possam sair para explorar. No mínimo, uma gaiola terá que ter 2 compartimentos ligados entre si. Um deles mais arejado e com luz natural e outro mais abrigado e escuro, para onde se possam retirar para descansar ou esconder, se assim o entenderem. A base deverá estar protegida com uma camada macia e absorvente, trocada diariamente. Normalmente não urinam na cama e por isso, nesta área, não será necessária uma limpeza tão frequente. Se não tem possibilidade para oferecer ao animal as condições necessárias para expressar a sua verdadeira natureza, então mais vale não adotar. Escolha outra espécie compatível com o seu estilo de vida, espaço disponível e condição económica. Considerando aquilo que um coelho pode sofrer, se viver confinado a uma pequena (ainda que muito sofisticada) gaiola, é muito frustrante constatar que, na sua maioria, vivem em condições inadequadas. Tantas vezes alojados em pequenas jaulas, sem esconderijo, espaço para se exercitarem, isolamento térmico adequado ou companhia, estão condenados a uma vida completamente aborrecida. Mantê-los nestas condições revela desconhecimento e insensibilidade à sua verdadeira natureza e ignorância em relação às suas necessidades.
6 – Cuide da sua pelagem.
Os coelhos ocupam parte do seu tempo no tratamento da pelagem. Normalmente estes mesmos cuidados são suficientes para a manter em boas condições. Mas quando são raças de pelo longo, como é o caso do Angorá, a ajuda do tutor é indispensável. Sem esta ajuda diária, não será possível manter o pelo em boas condições. Mas mesmo nas raças de pelo curto é muito importante que dedique algum tempo á escovagem, não por ser absolutamente necessária, mas porque é uma forma se estar atento ao seu estado de saúde, ajudar a eliminar pelo morto, para além de estreitar laços afetivos entre o animal e o seu tutor. Aproveite estes momentos de intimidade para observar as orelhas, a zona anal, o estado de crescimento das unhas e dos dentes, enquanto o vai premiando com os seus petiscos preferidos (pode utilizar pedaços de fruta). Será, desta forma, mais fácil identificar precocemente sinais de doença e prevenir problemas graves. Quando alojados em boas condições, raramente haverá problemas com a pelagem. Mas se a higiene do alojamento não for a melhor, ou o espaço exíguo, aparecerão zonas húmidas, com pigmentação amarelada e doenças de pele associadas.
7 – Dê-lhe possibilidade de se exercitar.
Se o coelho vive fechado no espaço exíguo de uma gaiola, movimentar-se-á muito pouco, sofrerá atrofia muscular, tenderá para a obesidade e viverá um dia a dia extremamente aborrecido. Permita-lhe sair regularmente, por forma a poder correr, saltar, explorar e escavar. O exercido físico promove a funcionalidade articular e o desenvolvimento muscular, contribui para a saúde cardiovascular, previne o excesso de peso e contribui para o bem estar psicológico. Se lhe for permitido exercitar-se, será, com toda a certeza, muito mais feliz. Dar-lhe espaço, só por si, já é de extrema importância. Mas poderá aumentar a dificuldade e interesse do exercício construindo labirintos e túneis em cartão, colocando um prémio apetitoso no final do percurso. Os mais habilidosos podem construir rampas em madeira ou empilhar caixas, ligadas entre si por túneis. Distribua recompensas comestíveis em vários locais do percurso, para que se oriente pelo olfato.
8 – Permita-lhe brincar.
Os coelhos são animais curiosos, de cognição complexa e que precisam de desafios para viverem felizes. Um bom brinquedo é aquele que permite desenvolver as aptidões naturais, exercitar o cérebro e promover o exercício físico. Se o tutor participar na brincadeira, criará um vinculo afetivo com o animal, muito importante para o relacionamento de ambos. Crie uma rotina em que dedica algum tempo do seu dia a brincar com ele. Respeite os momentos em que quer estar sossegado, a dormitar, a cuidar da pelagem ou simplesmente a mordiscar a comida. Normalmente estão mais ativos durante a manhã, mas os hábitos podem ser mudados, conforme a disponibilidade do tutor. Observe-o enquanto brinca, para se aperceber de quais são as suas preferências. Coloque-se ao seu nível, no solo, para não parecer tão ameaçador. Ofereça-lhe pequenas recompensas e afagos, para que aprecie a interação. Atire-lhe algo que role, como uma bolinha de papel, o tubo do papel higiénico, uma bola de material resistente. Quando gostam de derrubar objetos, arranje alguns pinos de plástico para que ele os possa empurrar. Adorará observá-lo enquanto os volta a colar de pé, para depois os derrubar novamente, fazendo disso um jogo simples, mas estimulante. Pode construir (ou adquirir numa loja da especialidade) brinquedos de logica, que se baseiam na resolução de um problema de dificuldade adaptada á cognição do animal. Uma caixa, em que é colocado algo apelativo (como por exemplo o seu petisco favorito) no seu interior, motivará o coelho a tentar abrir a tampa para aceder ao prémio. Pode ir aumentado o grau de dificuldade, conforme vá ficando mais experiente e mudando de motivação, escolhendo entre vários petiscos ou brinquedos. Também lhe pode disponibilizar brinquedos para se entreter enquanto está sózinho. Tabuleiros de plástico, com uma camada de areia higienizada, são excelentes para escavar, atividade que os coelhos adoram. Logicamente que a irão espalhar por todo o lado, mas um pouco de paciência é importante para lhe proporcionar bons momentos de diversão. Em alternativa poderá utilizar aparas de madeira, tiras de papel ou feno, para o mesmo efeito. Utilizar caixas de cartão para empilhar ou colocar lado a lado, abrindo ligações entre elas, pode ser uma boa forma de manter animal entretido enquanto está fora. Para além de explorar o seu interior, ocupará o tempo a mordiscar e a esgravatar o material do seu pequeno castelo, que pode ser diferentes todos os dias, mudando a disposição das caixas. E quando se estragaram, será fácil arranjar outras tantas, de vários tamanhos e feitios, para lhe oferecer diversidade e um novo desafio todos os dias.
9 – Previna doenças.
Comida saudável, água limpa, cama seca e confortável, alojamento adequado, ambiente estimulante e possibilidade de expressar os comportamentos naturais da espécie, são tudo aquilo que um coelho precisa para se manter bem de saúde. Examinar, interagir e efetuar o “grooming” diário ao animal, permitirá ao tutor aperceber-se precocemente se algo não estiver bem. Passar algum tempo a observar o comportamento do coelho, ajudará a identificar alterações nas rotinas e hábitos, que possam estar relacionadas com problemas de saúde. Previna a obesidade controlando a quantidade de alimento seco que disponibiliza e permitindo que se exercite, deixando-o correr e saltar livremente. Uma clausura permanente deixa como única atividade aquela que se relaciona com a alimentação. Vigie os dentes. Sendo de crescimento contínuo, podem causar problemas se não sofrerem desgaste constante. Alguns coelhos sofrem de malformação da mandibula, não permitindo que os dentes encaixem corretamente e se desgastem por fricção dos superiores nos inferiores. Crescem descontroladamente, causam abcessos e impossibilitam a alimentação. O veterinário está habilitado a efetuar o procedimento necessário para resolver o problema. Apare as unhas sempre que necessário, tendo cuidado para não atingir a polpa, uma vez que lhe provocará dor e hemorragia. Se tiver dúvidas, aconselhe-se com o veterinário. Escove-o com a frequência necessária para manter o pelo em bom estado, livre de nós e pelo morto. Um animal de pelagem comprida precisará de cuidado acrescido. Vigie a zona genital e mantenha-a limpa de fezes ou qualquer tipo de secreção que possa conspurcar a zona. Normalmente os coelhos mantém a higiene. Mas se estiverem alojados em más condições ou espaço exíguo, ou se tiverem o pelo longo, poderá estar para além das suas capacidades manterem esta área livre de sujidade. Os banhos são, normalmente, desnecessários, se o escovar regularmente. Os ouvidos devem estar limpos, sem descamação ou cera escura. Visite o veterinário, se o animal mostrar desconforto ao toque da zona ou se estiver constantemente coçar as orelhas. Os olhos devem ser mantidos limpos e qualquer secreção purulenta pode ser sinal de doença. Marque uma consulta com um veterinário, o mais cedo possível, para estabelecer um protocolo vacinal e de desparasitação, que deverá ser mantido ao longo da vida animal. As principais vacinas previnem a mixomatose e a doença viral hemorrágica, ambas de extrema gravidade e responsáveis pela morte de muito animais não vacinados.
10 – Treine-o.
É claro que os coelhos podem ser treinados. Simplesmente deve adaptar os objetivos às suas capacidades cognitivas e utilizar a motivação adequada. O treino estreita laços entre o tutor e o animal, enriquece um dia a dia, muitas vezes aborrecido, por ser pobre em estímulos, para além de promover o exercício físico. Duas ou três sessões diárias de 5-10 minutos manterão o coelho motivado. Utilize as recompensas que ele mais gosta. Teste-o para perceber quais os alimentos que mais lhe agradam. Planei o truque que lhe quer ensinar e divida o treino em pequenos passos. Utilize um prémio após a conclusão de cada um dos passo. O reforço deverá ser oferecido imediatamente após a manifestação do comportamento pretendido, ou correrá o risco de o animal não o relacionar com momento certo e ficar confuso. Utilize comandos simples e sempre iguais e congratule-o sempre que atinja o objetivo, com palavras meigas e encorajadoras. Nunca grite ou admoeste o coelho, quando este não corresponder ás suas expectativas. Só irá gerar medo e o medo é inimigo da aprendizagem. Se não estiver a corresponder, pare e volte a tentar mais tarde.
Até ao próximo mês