Os céus azuis são fantásticos quando se vai para a praia. No entanto, a ausência de nuvens, combinada com o longo percurso do Sol durante o dia, contribui para uma luz demasiado zenital, branca e com sombras pouco alongadas. Embora o bom tempo seja, paradoxalmente, o pior para fotografar, o mais importante é saber transformar as “adversidades” em oportunidades e, paralelamente, encontrar soluções para os problemas. Afinal de contas, há sempre um momento especial à nossa espera, mesmo que, aparentemente, as condições pareçam desfavoráveis. Eis cinco dicas que, certamente, irão ajudar a conseguir melhores fotografias no verão, sem abdicar dos seus momentos de lazer na praia, na esplanada e na companhia dos que lhe são mais próximos.
1 – Acorde cedo
Certamente, esta parecerá ser a pior sugestão possível, pois as férias e o verão convidam a ficar mais tempo a repousar, um luxo que nem sempre temos no resto do ano. No entanto, com um pouco de força de vontade e munido de uma boa dose de paixão pela fotografia, pode precisamente beneficiar do facto de todos os outros – nomeadamente, turistas e família – ficarem a dormir, saindo durante a aurora para aproveitar a luz mais suave e as sombras alongadas, ideais para fazer fotografia de paisagem natural e urbana. Perderá algumas horas de sono, mas ganhará em calma e em qualidade de luz, sem prejudicar o ritmo familiar. Entretanto, com as fotografias que vai conseguindo e mostrando, até poderá convencer mais pessoas a partilhar consigo essas horas de exploração matinal, sendo que até o pequeno almoço saberá melhor à luz das histórias partilhadas.
2 – Use um polarizador
Convenhamos que existe uma certa diferença entre a noção de céu azul que habita no nosso imaginário, porventura alimentada pelas fantásticas capas de revistas de viagens, e aquele azul que verá em muitas das suas fotografias, provavelmente mais pardacento. O mesmo se passa com a água da sua praia favorita, sempre menos cristalina e transparente do que gostaria que fosse. A boa notícia é que há uma forma de criar azuis mais profundos e águas mais translúcidas: usar um filtro polarizador. Sem entrar em excessivos detalhes técnicos, este filtro permite eliminar reflexos e ‘cortar’ alguma da luz que chega até ao interior da câmara fotográfica, desde que este seja devidamente alinhado, rodando-o na parte frontal da objetiva, até obter o efeito desejado. A polarização é maximizada quando a luz é proveniente de um dos lados da câmara (perto dos 90º) e quando o ângulo face à superfície reflexiva é oblíquo (aproximadamente 30º), mas, na maioria dos casos, preferirá dosear o uso deste filtro. Tenha ainda em mente que este filtro, por ser ligeiramente opaco, fará com que as velocidades de obturação desçam (ou seja, os tempos de exposição irão aumentar), o que até será bom quando pretender criar arrasto por movimento, mas problemático quando desejar congelar a ação (algo que poderá resolver aumentando a sensibilidade ISO e/ou diminuindo o valor de f/).
3) Procure as sombras
A luz excessivamente intensa e contrastante é, provavelmente, aquela que mais prejudicará os seus retratos, sejam os de família ou os de pessoas que encontra durante os seus passeios fotográficos. Isto porque uma luz contrastante cria sombras profundas no rosto, particularmente debaixo dos olhos, além de encadear os retratados, que estarão em verdadeiro sofrimento para manter os olhos abertos e exibir uma expressão minimamente natural. Neste caso, procure colocar os seus motivos à sombra, convidando-os para tal, especialmente se forem da sua confiança. Caso contrário, simplesmente procure sítios dominados pela sombra, seja dentro de edifícios, debaixo de toldos ou outro qualquer local que ofereça proteção da luz solar, aguardando que algo ou alguém enriqueça a sua fotografia com um momento, pose ou narrativa interessantes.
4) Silhuetas
Quando não se pode vencer o inimigo – neste caso, a luz forte e contrastante -, então mais vale tomar o seu partido – ou seja, assumir os contrastes e usá-los para benefício das suas fotografias. De facto, já que não existem nuvens para equilibrar a exposição em todo o enquadramento, então porque não tentar fotografar em contraluz, produzindo fortes silhuetas? Visto que os detalhes finos são perdidos, o sucesso da composição final dependerá muito da simplicidade e identificabilidade dos motivos fotografados, pelo que não deixe de procurar elementos humanos e objetos comuns (barcos, flores e edifícios, por exemplo). Depois, iterativamente, tente variar o seu enquadramento, pois pequenos ajustes – no ângulo de abordagem, na inclusão/exclusão de elementos, etc. – terão um impacto considerável no resultado final.
5) Experimente outros géneros fotográficos
Inicialmente foi referido que a paisagem e o retrato são os géneros de eleição da maioria das pessoas, especialmente no verão. É normal e não tem nada de errado, muito pelo contrário. Contudo, esta estação não deixa de ser privilegiada para outros géneros fotográficos, nomeadamente para a fotografia de arquitetura, na qual as sombras profundas, vincadas e lineares ajudam a criar geometrias singulares, a ocultar detalhes excessivos e a explorar jogos de luz/sombra interessantes. Se optar por fotografar à noite dentro de casa ou até de um hotel, então talvez seja uma boa ideia explorar um lado mais conceptual da fotografia, tirando partido de objetos de decoração e da iluminação artificial para criar uma composição mais pensada e arquitetada. Por fim, como foi sugerido num artigo anterior, também existe a hipótese de fazer fotografia a estrelas, visando a via láctea que, quando orienta a câmara para Sul, surgirá em todo o seu esplendor.