Sou uma minimalista assumida. Adoro o estilo “menos é mais” ou “pouco que na verdade é muito”. Adoro a discrição elegante, as linhas retas e fluídas, as cores neutras…
Mas claramente neste outono inverno 2016 vou ter que “baixar a guarda” para o que vem por aí: é uma estação claramente maximalista.
Tem um lado a que acho imensa piada e gosto de ver. Quando bem feito, bem composto, com equilíbrio e segurança, o exagero pode ser absolutamente encantador, atraente e divertido. Há que saber usar – e ousar.
Sempre que vejo as tendências tento entender o movimento social por trás dela – afinal a moda é o reflexo dos tempos, dos anseios e sentimentos de uma época, de uma sociedade. Quando vi o que surgiu nas passarelas do inverno 2016 percebi que é um ‘grito de socorro’, uma necessidade de escapar da realidade incerta e insegura que a actualidade nos traz. São crises políticas em grandes potências, ameaças e ataques terroristas com uma frequência assustadora, economias de países antes emergentes agora extremamente enfraquecidas, para além de uma inversão dos valores-base de uma sociedade globalizada conectada.
Tudo isso e muito mais faz surgir um sentimento de fuga, de se querer divertir para esquecer, para equilibrar o peso do dia-a-dia. Sendo a moda uma ferramenta da psique humana, ela vem para trazer o belo, o excesso que nos distrai, que encanta. É a lei da compensação.
Mas então quais são estas tendências maximalistas que vem por aí?
Misturadas com outras direções que a moda apresentou, há 4 forças nada discretas inegáveis! Preparem-se para chamar atenção com:
BORDADOS: em todo lado – nas roupas, nas carteiras, nos sapatos… A ideia é bordar desenhos lúdicos, é adornar as peças com cor e brilho. É um trabalho manual muito antigo, rico em técnica e criatividade. Deixe-se levar pelo encanto que ele pode causar. Para não correr o risco do exagero, opte por uma peça mais forte – com bordados que se destaquem – e equilibre com outras mais neutras
Aquazzura
Stella Mccartney
MAXI-BRINCOS: aqui o tamanho faz diferença. Os brincos aparecem com grande destaque, cheios de cor, pedras, formas da natureza. A ideia é chegarem até metade do pescoço ou deixar passar – em alguns desfiles chegavam aos ombros! Mas cuidado com o peso para não magoar as orelhas..
Rosantica
Isabel Marant
LANTEJOULAS: brilho é a chave. E nada garante mais brilho a uma peça do que lantejoulas. Nesta próxima estação, o que os designers querem é que não tenhamos medo de ousar. Há quem proponha lantejoulas para o dia – algo impensável para a maioria dos mortais! Mas se bem jogado pode resultar, geralmente com uma peça de brilho mais discreto (lantejoulas mais pequenas e de cor sóbria) com uma T-shirt ou uma peça neutra. Para as corajosas fica um look “high-low” fantástico.
Chloe
Valentino
METÁLICOS: tecidos metalizados apareceram aos montes, como acontece em muitas temporadas. Tanto nas peças de roupa como nos acessórios, a moda está sempre a tentar mostrar que podemos aderir sem medo. O princípio é o mesmo do brilho das lantejoulas: tudo que brilha, o ideal é ser usado com algum cuidado e composto com peças neutras que equilibrem o excesso.
Christopher Kane
Adidas Raf Simons
VINIL: este tecido que parece pele mas não é tem o aspeto de um plástico com uma camada de gel. É um material a que chamamos de ‘gloss’ e estava normalmente associado ao look futurista, como vimos no futurismo dos anos 60. Os designers desta temporada resgataram o ‘gloss’ para sobretudos, saias, vestidos e acessórios.
Anthony Vaccarello
Lacoste
BROCADO: é aquele tecido que nos lembra decoração antiga, cortinas de palacetes, forros de sofás do século XVIII. E sim, é um tecido muito antigo que por vezes volta à moda por ser muito rico em trabalho manual, por ter um encanto em cor, estamparia, texturas… Designers como Oscar de la Renta usam com alguma frequência justamente para dar este ar de tradição e requinte. Nesta temporada muitos outros optaram pelo brocado em diversas peças, tanto na roupa como nos acessórios, especialmente no calçado.
Oscar de la Renta
Saint Laurent
