Após a separação dos meus pais e com a idade que tinha na altura, a ideia de que a minha mãe pudesse vir a ter um “namorado” nunca me tinha passado pela cabeça. Ainda demorou uns aninhos, aquele período de tempo em que nenhum homem valia mais do que a sua preciosa e recentemente encontrada liberdade. Mas, inevitavelmente, acabou por acontecer.
Um dia, chegou a casa com um grande sorriso na cara e revelou que tinha um encontro. Um encontro! Tenho-vos a dizer que, para os filhos de pais divorciados, o primeiro namoro dos nossos progenitores é deveras complicado. É incrivelmente estranho veres os teus pais a apaixonarem-se.
Viver com a minha mãe, tornou a experiência da sua nova relação mais marcante para mim, mas a situação do meu pai é-me igualmente estranha.
Apesar do título, não vou entrar em pormenores. Isto não vai ser uma crónica em que me queixo de um namorado em particular da minha mãe. Mas existem coisas que penso que todos os pais deviam saber e ter em consideração quando decidem arranjar namorados.
Para começar, não penso que devam ter medo de o fazer, pelo menos por receio da nossa reação. Deixem-nos fazer cenas e birras à vontade, mas nunca abdiquem da vossa felicidade por nós. Brevemente iremos estar demasiado ocupados com as nossas relações, para querer saber das vossas. Um exemplo disto é o meu irmão, que enquanto eu chorava por termos que ir jantar com o namorado da minha mãe outra vez (!), ele desculpava-se que tinha que ir ter com a namorada.
Outro momento a notar, que até é divertido e vale a pena salientar, é observar um adulto claramente a tentar causar uma boa impressão, numa tentativa de nos agradar. Dance for me puppet! Ahahaha! Mas o contrário já não é assim tão engraçado, isto é, quando somos nós que nos sentimos na obrigação de agradar. Isso só nos faz querer desaparecer da cena!
Ainda me lembro quando a minha mãe me implorava para fazer boa figura e todos os nervos do meu corpo se agitavam de indignação. Na minha cabeça, quem tinha que provar alguma coisa não era eu, era ele! Apenas agora, que também tenho que apresentar namorados à minha mãe, percebo que não é bem assim. “Por favor mãe, age como uma pessoa normal! Não me envergonhes”! Tremo só de pensar no que pode sair por aquela boca.
Talvez esteja sozinha nesta, não sei, mas nunca senti que um namorado da minha mãe estivesse lá para substituir o meu pai. O meu pai é o meu pai. O namorado da minha mãe é o namorado da minha mãe. É tão simples quanto isto. São relações diferentes que não têm que ser piores ou melhores e dependem sempre das pessoas que as envolvem.
Mais uma verdade é que ver a nossa mãe ou pai a apaixonar-se causa muitas vezes um sentimento de ciúme e possessividade. Como filhos, queremos e devemos estar em primeiro lugar nas vossas vidas. Façam um esforço para se certificarem que isso acontece e nós iremos fazer um esforço para sermos um pouco mais compreensivos, quando a urgência de um problema na vossa relação, é mais importante do que ouvir outra história sobre aquele nosso amigo que só faz asneiras nas aulas.
Detestamos ter que marcar presença naqueles jantares iniciais, em que todos ainda se estão a conhecer. Se existe algo que os adolescentes nestas situações reconhecem é que o pesadelo de conhecer os namorados nem se compara ao de conhecer os filhos destes. Preferia mil vezes conhecer uma mãe do que uma miúda mimada a olhar para mim com um olhar de desdém adequado para servir de capa a um filme de terror (peço desculpa, vocês sabem quem são).
Pensas que namorar com a tua idade é difícil? Olha para o lado e observa a tua mãe, que se queixa de ter que te aturar e, no entanto, ainda tem paciência para tentar conquistar um miúdo mimado de cinco anos.
Agora, dirijo-me diretamente aos “Namorados das nossas mães”, aqueles príncipes e sapos que existiram e virão a existir nas nossas vidas. Podemos ter um sorriso educado na cara e não começar a jantar antes de toda a gente ser servida. Podemos ser simpáticos e agradáveis. Podemos vestir uma roupa bonita e pentear o cabelo. Podemos soltar elogios e fazer amizades com os vossos filhos. Podemos receber-vos com um abraço e um beijo na cara. Mas, nunca se esqueçam, que tudo o que fizermos, será apenas pela nossa mãe. Um passo em falso, lágrimas lá em casa… E passamos a ser o vosso maior pesadelo.
Para os pais não se sentirem ignorados, principalmente aqueles que têm muitas namoradas. Lembro que uma madrasta é uma madrasta. Género, Cinderela e Branca-de- Neve? Bruxas, más, cruéis, egoístas, velhacas. Mas pronto, a verdade é que a minha pode ser tudo o que quiser, porque me conquistou com um truque que os namorados das mães (e a maior parte dos homens), ainda estão para aprender… Através da barriga. Faz uma mousse de chocolate, que é de morrer e chorar por mais… E eu choro!