Perder com a Alemanha é, por si, preocupante. Por 50 pontos mais ainda! Mas aconteceu e há que reflectir, rapidamente, sobre o assunto. Rapidamente porque temos ainda mais dois jogos que nos permitem lutar pela manutenção no 6 Nações B, jogos esses que, na teoria, são possíveis de vencer.
Temos massa humana para formar uma seleção competitiva. Cristian Spachuck; Francisco Fernandes, Bardy, Samuel Marques, Becó, Vasco Uva, João Correia, Pedro Bettencourt, José Lima, entre outros, seriam jogadores importantes para os dois derradeiros jogos do Torneio.
Compreendendo as dificuldades ou obstáculos levantados por cada no que concerne à sua disponibilidade para representar a seleção nacional. Mas com a humildade, empenho e astúcia dos representantes e selecionadores nacionais, seria fundamental cativá-los e motivá-los a jogar estes dois jogos.
É preciso entender que a ida destes jogadores à seleção comporta um esforço e risco (perder emprego, perder lugar na equipa, estar menos tempo com filhos acabados de nascer, etc..) para os mesmos bastante superior à maioria daqueles que lá andam neste momento. Temos de trabalhar na minimização destes riscos (abrindo um processo de negociação e diálogo com os clubes onde jogam, cativando entidades patronais, motivando as suas famílias), no esforço adicional para um integração mais positiva, na adaptação de cargas e calendarização dos treinos.
Numa seleção nacional não faz sentido a conversa da renovação. E nos Lobos essa conversa dura desde o pós 2007, tempo durante o qual muitos dos Lobos foram afastados para dar lugar aos “profissionais” contratados pela FPR num projeto que se mostrou FALIDO. Humana e financeiramente. Na seleção nacional devem jogar os melhores jogadores e os que em melhor forma estão na época desses jogos. Neste momento, é enorme a quantidade de jogadores que estão de fora e que, verdade seja dita, têm mais qualidade do que aqueles que lá andam.
É este o trabalho (que não é nada fácil) que deveria ser desenvolvido pelos responsáveis da seleção nacional de modo a evitar mais desaires na presente campanha internacional. Perdemos o lugar no 6 Nações B não será fatal para o nosso rugby… Evitar tal despromoção seria poupar um esforço acrescido no arranque para mais um capítulo de sucesso do nosso rugby.
Faltam Espanha e Russia.
Quanto á Espanha, considerando que, na recente Taça Ibérica, o nosso campeão nacional – o GD Direito – dominou o campeão espanhol (a equipa portuguesa só contava com jogadores portugueses e todos eles amadores, enquanto o Valladolid contava com profissionais estrangeiros, incluindo um português), não se encontram razões para não acreditarmos que a vitória é mais que possível (até porque temos mais jogadores a jogar na 1ª e 2ª divisão francesa – base da seleção espanhola).
Quanto à Rússia, país que acreditou na profissionalização do campeonato interno (preterindo a exportação de jogadores – como é o caso da Geórgia), os resultados desastrosos (perdeu por 30 pontos contra a Roménia) dos últimos jogos fazem-nos também sonhar com a possibilidade da vitória.
Como tudo na vida, não é fácil… Mas é possível desde que a política dos selecionáveis mude rapidamente.Continuamos todos a acreditar… Força Portugal.
Ressalva:
Acredito que os princípios e valores do rugby são e sempre serão o maior e mais valioso património do nosso desporto. Coragem, respeito, superação honestidade estão dentro desses princípios e valores.
Na última meia-final da Taça de Portugal de seniores, um jovem internacional português foi protagonista de um lamentável e condenável episódio.
Carregado fora de tempo por um jogador da equipa adversária, esse jovem internacional fingiu uma lesão e simulou um aparatoso sofrimento perante a carga do jogador adversário. Com essa simulação o jogador contribuiu, de forma decisiva, para a expulsão do jogador adversário.
Estou certo que, no futebol, a atitude desse jovem internacional seria exaltada e exclamada de atitude inteligente… No rugby ela é desonesta, cobarde e de um autêntico maricas.
Atitude esta que só podia ficar ainda mais manchada com um festejo (à futebolista) aquando do momento da expulsão… congratulando-se por esse jogador (por acaso o mais internacional de sempre e um dos maiores exemplos de sempre do rugby nacional) poder ficar de fora da final da taça para a qual, dentro de campo, conquistara o lugar.
Estou certo que o jovem jogador em causa (que até admiro e a quem reconheço muitos méritos) estará arrependido da sua atitude e, por sua iniciativa, já pediu desculpa ao jogador adversário.
Esta ressalva não tem, por isso, o objetivo da crítica particular desse jogador. Mas é importante que este tipo de situações não passem em claro e não deixem de ser denunciadas, para reforço dos tais princípios e valores que sempre acompanharam o rugby e o tornaram num desporto diferente…. Sob pena de perdermos o nosso maior património!