Quantas vezes já deu por si a pensar: O que poderei dar de melhor ao meu filho? Como prepará-lo para a adversidade e luta constante que a vida nos impõe?
No meu caso, que tive recentemente uma segunda filha, não deixo de ansiar que, no essencial, seja uma Campeã. Não uma Campeã Olímpica em particular, mas uma campeã para a vida. Não é o que realmente todos ambicionamos? E no meio destes desejos, o que podemos realmente fazer é pensar que um campeão é quem vê o futuro e prepara-se, treinando para ele, Hoje.
Treinar é o paradigma que falta na cultura dos nossos mais novos, e que está de acordo com os pressupostos que já anunciamos no artigo anterior. Sem essa visão de treino nenhuma educação será completa. Quando o velho ditado diz que “de pequenino se torce o pepino”, a sábia cultura ancestral está exatamente a referir-se ao treino para aquisição de hábitos de sucesso, disciplina, objetivo e método, que nos preparam para o Querer é poder, e Aprender, crescer, ganhar (palavras de ordem que a minha filha mais velha e todos os meus alunos usam para enfrentar cada desafio do dia-a-dia)! Esta simples lógica de rotina/treino pode verdadeiramente mudar o percurso do seu mini campeão de trazer por casa. Nós pais, educadores, mestres da vida, não somos mais do que treinadores, guiando-os para objetivos que deverão ser por eles desejados (não por nós!). Da mesma forma, deve ter em conta que a Escola é um clube em que devemos confiar para grande parte desse processo de transformação.
Esta é a minha convicção e experiência. A escola tem de ser, na sua base, um local para formar campeões, e para que esse desígnio se concretize a analogia ao treino é sempre necessária. O grau de exigência para a superação, necessidade de autoconhecimento (como defende Sócrates) e a capacidade solidária de desempenhar no grupo ou organização, estão muito acima das grandes premissas dos currículos a cumprir. Há que cultivar experiências e não apenas as notas sem contexto, há que incutir hábitos de saber gerir, sentir, inovar, explorar e comunicar com o corpo, mente e espírito para o mundo que vem no futuro.
Assisti, com satisfação, ao desenrolar dos trabalhos na Assembleia da República, com o ministro da Educação a desejar trocar o culto das notas pelas experiências, para o sucesso no primeiro ciclo. Poderá ser este um pequeno passo para esta revolução que penso precisarmos? Acredito que sim, até porque, enquanto sub-chefiei a missão olímpica portuguesa, este ministro teve a oportunidade de testemunhar o impacto supremo do treino nos Jogos Olímpicos de Londres.
Saudações Desportivas