O primeiro personagem que surge nesta história é um homem magro, pernas e braços compridos, mãos largas como remos. Tem um rosto duro, cheio de arestas, no qual sobressaem dois olhos redondos, nervosos, que lhe dão brilho e vida. O homem veste uma gabardina, umas calças de camuflado e botas militares. Caminha, em passadas largas e precisas, ao longo de uma estrada de terra batida, que, vista de cima, parece uma ferida vermelha, aberta à catanada na brancura ondulante da savana.
Uma mota verde-esmeralda, decrépita, avança aos saltos em sentido contrário. Detém-se diante do homem. O condutor, um rapaz forte, com uma cicatriz na testa, muito bem desenhada, tira uma garrafa de água da mochila que traz às costas, e, sem dizer uma palavra, oferece-a ao caminhante. O homem da gabardina recebe a garrafa. Bebe sem pressa. Finalmente, devolve a garrafa, agradece com um leve aceno e retoma a marcha. O rapaz desce da mota, e empurra-a para o interior do capinzal, escondendo-a. Depois, tira uma pistola da cintura, agacha-se, oculto pela vegetação ‒ e aguarda.