Considerado o idioma predominante no hemisfério sul, a língua portuguesa é falada por cerca de 260 milhões de pessoas em nove países, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU). Enquanto membro da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, Portugal tem o dever de manter o nosso idioma vivo e reafirmá-lo no panorama internacional.
Nós, enquanto cidadãos, somos a força motriz para perpetuar o “legado” da língua portuguesa. E nada nos deve impedir; nem mesmo o acelerado ritmo em que vivemos e que influenciam o modo como falamos, escrevemos e atuamos. Tal está a sentir-se também nas crianças que já estão a encurtar a forma de pensar e de falar. Prova disso são as seguintes frases — “Posso pão?” e “Posso telemóvel?” — que se tornaram frequentes no vocabulário das crianças. Mas será que esta nova forma de falar vem alterar a língua portuguesa?
Há quem defenda que é preguiça ou até mesmo falta de aprendizagem. Há quem defenda que é um fenómeno designado “economia da linguagem”, isto é, quanto mais palavras forem omitidas, mais rápido se fala e, consequentemente, se obtém aquilo que se pretende.
No entanto, uma coisa é certa: sem um verbo, a ação da frase não é transmitida, logo a mensagem não é compreendida devidamente. A omissão do verbo (auxiliar e/ou principal) confere liberdade ao recetor de atribuir qualquer significado à frase, podendo não coincidir com a intenção do emissor. Claro está que esta má comunicação não ocorre apenas quando omitimos o verbo; existem muitos outros erros que podem ter consequências menos positivas, resultando em perceções e ações erradas.
O português é uma língua viva, que se altera com o tempo. Prova disso são as várias palavras que já entraram no nosso vocabulário, outras que foram “descontinuadas” e outras até que sofreram alterações. No entanto, isto não quer dizer que devemos adotar na língua portuguesa todos os erros que, frequentemente, dizemos. Se tal continuar a acontecer, significa que, num futuro próximo, será correto dizer “há anos atrás”, “tenho que” e “para além” só porque o fazemos agora incorretamente?
Sou apologista de que não precisamos de saber as regras da língua portuguesa; apenas precisamos de as saber usar corretamente. Costumo dizer que “a sabedoria vem com meia dúzia de erros”, isto é, não nascemos ensinados; temos de errar e perceber que errámos para aprender e, mais ainda, termos interesse e curiosidade para o fazer. Só assim conseguimos ter mais conhecimento. É, por isso, fundamental consumir informação fidedigna e de qualidade.
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