Embora sempre lembrado como “mestre do suspense”, Alfred Hitchcock foi também um “génio do McGuffin”. O nome pode soar estranho aos menos cinéfilos, mas foi uma das melhores invenções do realizador britânico, que conquistou a América e o mundo com os seus filmes. Refere-se a um objeto ou pessoa que, embora sem importância alguma, acaba por funcionar como motor do enredo e motivar as ações das personagens. Ou seja, Hitchcock popularizou o termo McGuffin (que às vezes também aparece escrito na forma mais escocesa MacGuffin) para explicar como conseguia criar suspense, tensão e conflito através de algo que, no final, não acrescenta absolutamente nada à história – apenas dá razões para tomarem determinadas ações que, por isso, acabam por prender a atenção do público.
A política atualmente está repleta de McGuffin. Como qualquer observador minimamente sensato é capaz de reconhecer, os temas que ocupam o espaço de debate público são, na maior parte do tempo e dos casos, apenas artifícios para fazer durar uma narrativa que se quer sempre renovada – mesmo que nem sempre consiga manter o interesse do espectador.