A Mauritânia espera e desespera por turistas. É um país seguro, sentimo-nos bem mas, devido aos atentados na década passada e posteriormente por causa da guerra no Mali, o turismo caiu a pique. Os hotéis estão decrépitos, abandonados, sujos e sem os serviços mínimos. Mesmo em Nouakchott, a capital, deixam muito a desejar. Exceção para dois ou três hotéis de quatro estrelas, com preços exorbitantes sem justificação. Pernoitamos no “Jeloua”, não faço ideia quantas estrelas tem, é muito simpático, tem boa música, tem uns sumos fabulosos e come-se bem. Recomenda-se.
Percorrer a estrada da Esperança (Route de l’Espoir) duas vezes em dois dias, não é tarefa muito agradável. Acontece que fomos para a fronteira do Mali com a informação que podíamos fazer o Visto ali, errado! Tivemos que regressar a Nouakchott para obter a desejada chancela.
Com a independência da Mauritânia em 1960, o projeto da construção de uma estrada que ligasse o país à capital passou a ser um desígnio nacional. A construção da chamada << Route de l’Espoir>> começou a ser construída no inicio dos anos 70. Tem uma extensão de 1200 km, desde Nouakchott até Ayoun el Trous, a Este, e representa a unificação física do país.
Atravessa uma das regiões mais ricas do país. Milhares de cabeças de gado; vacas, ovelhas, cabras, dromedários e os incontornáveis burritos cinzentos, pequeninos de risca preta no dorso. Apesar da riqueza pecuária a região é árida e a estrada foi construída também para travar o avanço das dunas e proteger os nómadas criadores de gado.
Quem sai de Nouakchott pode observar as aldeias encaixadas entre as dunas com os telhados coloridos dos “Lembar” ou “Edoungeye”, semelhantes a hangares, habitações que devido à sua estrutura aberta tornam-se mais frescos e protegem os habitantes do calor.
A mesquita ao centro, como uma torre de vigia e milhares de animais que circulam livremente. Atravessam e estacionam na estrada, em grupo ou isolados.
O cenário é dantesco, centenas de veículos acidentados, abandonados nas bermas, centenas e centenas de animais mortos, em estado de decomposição e as aves necrófagas empanturram-se de carne putrificada.
A estrada da Esperança, cheira a morte.