Numa altura em que o Sporting passa por um dos mais desastrosos inícios de temporada de que há memória, importa reflectir nas causas que podem explicar o fenómeno. E, de entre muitas, elejo como fundamental a aposta cega na tão elogiada Academia como fonte principal de recrutamento para a equipa principal.
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Aquela que foi uma política de sucesso durante fases dos mandatos de José Roquette e Dias da Cunha transformou-se numa estratégia que acaba por trazer o clube para o que parece ser um beco com pouca saída. A opção só deu realmente frutos enquanto foi época de vacas gordas no mercado internacional de transferências, os “produtos” da Academia eram, de facto, mais valias e havia no Sporting gente e capacidade para transformar as receitas dessas transferências em bons reforços para a equipa. Nas épocas em que FC Barcelona, Manchester United e Valência depositaram nos cofres de Alvalade muitos milhões pelas aquisições de Simão Sabrosa, Ricardo Quaresma, Cristiano Ronaldo e Hugo Viana, houve engenho da parte do Sporting para ir ao mercado buscar jogadores como André Cruz, César Prates, Mpenza, Peter Schmeichel, João Vieira Pinto, Sá Pinto, Paulo Bento, Mário Jardel, Liedson, Anderson Polga ou Rochenback (o da primeira passagem por Alvalade). Com esta política, o Sporting voltou a ganhar títulos, conseguia ter equipas competitivas, mescladas de experiência e juventude. Conseguia valorizar a formação e ir ao mercado buscar jogadores que garantiam resultados e encaixes financeiros.
Acontece que, com o emagrecimento das vacas no mercado internacional, os jogadores formados na Academia passaram a valer menos. As duas maiores pérolas que se seguiram (com quem o Sporting esperava manter a fonte de financiamento) foram, até agora, dois flops económicos. João Moutinho e Miguel Veloso mantêm-se em Alvalade, cada vez mais bem pagos, mas cada dia mais longe de poderem vir a representar encaixes financeiros que permitam à SAD libertar-se do cinto cada vez mais apertado pela banca.
Sem estas entradas de capital e sem engenho para ir ao mercado descobrir novos valores, a aposta na Academia deixou de ser estratégica para passar a ser uma fatalidade. A ponto de, como acontece na presente temporada, o Sporting ser obrigado a ter entre os 24 elementos do plantel 9 produtos recentes da formação, muitos deles jogadores perfeitamente banais. Esforçados, bons tecnicamente, mas raramente decisivos e, sobretudo, incapazes de dar a esperança de poder vir a render os milhões que o Sporting precisa como de pão para a boca. E os que foram sendo contratados, (Vukcevic, Stoijkovic, Rochenback, Romagnolli, Izmailov, etc), por uma razão ou por outra, têm vindo a revelar-se, normalmente, investimentos infrutíferos.
O problema agrava-se quando se olha para cima e se vê na cadeira da presidência um José Eduardo Bettencourt que se candidatou com um projecto de continuidade. Ao seu lado estão os mesmos que, com Soares Franco, foram incapazes de inverter a tendência dos últimos anos. Os mesmos que aprovaram esta opção de jogar todas as fichas na formação, de deixar o clube cada vez mais espartilhado pela banca e se satisfaziam com a ida à Liga dos Campeões ou com vencer o campeonato da Segunda Circular. Os mesmos que depositaram toda a responsabilidade nos ombros de Paulo Bento.
Mas a capacidade do treinador de dar o peito a todas as balas e ser capaz de levar uma equipa em que tão pouco se investe a cumprir objectivos tem limites. E, ou os dirigentes do Sporting são capazes de mudar o rumo e reinventar formas de tornar a equipa mais competitiva, ou correm o risco de nem o voluntarismo e competência de Paulo Bento ser suficiente para os salvar.