As administrações dos dois maiores grupos editoriais portugueses, a Porto Editora e a LeYa, assinaram um acordo para uma política editorial conjunta. “Queremos impor um limite de páginas aos escritores”, adiantou ao JL o porta-voz do encontro, Paulo Gonçalves, da Porto Editora. “O mercado português não tem dimensão para romances de 400 ou 500 páginas. É preciso disciplina, também na escrita”.
O acordo, assinado ontem, na sede da Apel – Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, é válido para o próximo triénio e aplica-se a todos os autores de Língua Portuguesa. “A Literatura Lusófona terá uma nova marca: 200 páginas, não mais”.
A decisão, sabe o JL, foi baseada num estudo científico, encomendado à Universidade de Lisboa e coordenado por Miguel Real. “Como demonstro no meu ensaio Romance Português Contemporâneo, os escritores portugueses seguiram o caminho d’Os Maias, quando podiam ter optado pelo d’A Relíquia“, defendeu o escritor, ensaísta e colaborador do JL. “Saramago percebeu isso e dos grandes romances de início da carreira passou para o essencial. Duas centenas de páginas revelaram-se suficientes”.
“Queremos recuperar o espírito do folhetim”, adiantou ao JL fonte da administração da Porto Editora. “Pequenas remessas regulares mas em forma de livro. Se for mesmo necessário, o escritor sempre pode dividir o seu opus em vários tomos”.
Para a LeYa, apurou o JL, esta opção surge na sequência da aposta no livro de bolso, iniciada com a chancela BIIS. “O pequeno formato também pode ser aplicado à literatura. Hoje chegamos a Madrid em duas horas. Por que razão começar e acabar um livro deve demorar mais tempo?”.
O JL tentou recolher opiniões de escritores editados por estes dois grandes grupos, nomeadamente de Maria Teresa Horta e Mário Cláudio, autores dos maiores calhamaços dos últimos anos, mas não teve sucesso. Apenas Gonçalo M. Tavares enviou, por email, uma curta declaração: “Vou voltar ao Bairro”.
O JL voltará ao assunto em próximas edições.
PRIMEIRO DE ABRIL