Fui a uma exposição de jovens criadores com dezenas de “instalações” e comecei a sentir umas tonturas e uma angústia estranha e tive de comer uma dúzia de pastéis de nata com canela a granel.
Como continuei angustiado fui a umas urgências em vias de extinção.
O médico de banco (que por acaso estava sentado ao colo de uma marquesa) perguntou-me se tinha visto um filme português dos novos, lido poesia auto comiserativa, ou assistido a uma exposição de arte contemporânea.
Respondi-lhe que sim, e foi então que ele me diagnosticou uma acatalepsia aguda.
Uma acatalepsia é aquilo que os cépticos helénicos designavam por “incompreensibilidade das coisas” que se manifesta pela dúvida definitiva.
O médico receitou-me umas drageias de encatolepsia e um prato de Francis Bacon com ovos e disse-me que “a acatalepsia só se cura com a dúvida metódica”.
Pelo sim pelo não, voltei a ler “A Bola” e cortei nos pastéis de nata e nas exposições de jovens criadores.
Já me sinto bem melhor.