Na organização um pouco, digamos, ‘desorganizada’, do JL de então, mas com uma riqueza e diversidade de conteúdos excecional, o estimulante ensaio que fazia a capa do nosso nº 7 (26/5 a 8/6/1981) vinha na pg. 14. Autor, Eduardo Lourenço, e título da chamada da capa, sob o inconfundível desenho de João Abel Manta, com os dois poetas à conversa, “O rasto de Junqueiro em Pessoa”. Nas duas linhas que antecedem, no interior, título e texto, escrevemos: “para além da rutura óbvia que a Modernidade impõe, há uma presença de Junqueiro na obra de Pessoa – sobretudo nesse física reconvertida em metafísica que é a poesia de Alberto Caeiro”.
Outros ensaios desta edição: “Fim de semana com Bernardim”, da Fiama Hasse Pais Brandão, “Que o Ocidente reencontre a sua hipótese de permanecer mulher…” (sobre a obra de Gilbert Durand, o filósofo francês do imaginário), “A exploração da transparência”, por Luís Miguel Nava, o poeta, então com 24 anos (que morreria, assassinado, com 37), que aqui escreve, como Fernando Pernes, sobre o pintor Edward Hopper; “David Mourão-Ferreira: a descoberta do silêncio”, por Álvaro Manuel Machado.
O texto mais extenso, porém (duas páginas, que correspondiam a mais de três das atuais), é de António Sena, sobre os II Encontros Internacionais de Fotografia de Coimbra, com reproduções de 14 fotos. E, desta vez, até o inigualável “Escrituralismo” do José Sesinando, incluindo um seu comentário e o “quantinho do leitor”, ocupa uma página e meia; e uma página a do Miguel Esteves Cardoso intitulada “Eusébio, ou as últimas para sobreviver em Inglaterra” (“E com os cinco dedos da mão esquerda e três da direita lembre-lhes o score do Portugal – Coreia do Norte”).
Mas, começando na p. 2, e indo até à 14, temos sucessiva e designadamente: a Feira do Livro vista pelo (Fernando) Assis (Pacheco), a Maria Isabel Barreno entrevistada pela Regina Louro, o (Jorge) Listopad a escrever sobre Vergílio Ferreira, o Irineu Garcia a destacar as traduções de T. S. Elliot no Brasil, três textos, um deles de Lauro António, sobre o Festival de Cannes, as crónicas de Augusto Abelaira e Nuno Bragnça – a de Alexandre Pinheiro Torres vem na contracapa, com uma das várias outras ilustrações do João Abel.
A área de crítica tem a qualidade e variedade já sublinhadas a propósito das edições anteriores e com os críticos já também referidos. Neste caso, de João de Freitas Branco a comentar Cage e Cunningham na Gulbenkian a Nuno Júdice e Paula Morão a escreverem sobre livros (além da sempre indispensável página do “guarda-livros”) e a Maria João Brilhante sobre teatro. Sobre filmes, e cinema em geral, escrevem nada mais nada menos do que: João Mário Grilo, Mário Jorge Torres, M. S. Fonseca, Guilherme Ismael, Alexandre Melo e Ferando Belo!…