Fernando Ribeiro, líder dos Moonspell, fala de O Estranho Caso do Dr. Jekyll e do Sr. Hyde, de Robert Louis Stevenson, como “a guerra civil do cérebro”. Ele explica: tudo se passa no interior, “todas as guerras começam pelo pensamento da guerra” e é nesse espaço que o escritor se movimenta para criar o romance que mais o popularizou. “Numa época em que os heróis da História retomavam o seu lado proscrito, Stevenson, escritor de aventuras, decidiu fazer a sua viagem mais profunda: ao interior da mente humana, elegendo como protagonista não o homem sensato dos livros, mas, em sua vez, o homem completo e a sua luta eterna entre o bem e o mal”, diz Fernando Ribeiro, enquanto estabelece um paralelismo entre a narrativa de Stevenson e o tempo em que foi escrita. “No final do século XIX, a medicina prosperava à custa de exumações clandestinas e de processos brutais. Sucediam-se relatos de casos que, à sua maneira (metade ciência, metade superstição), aguçavam a curiosidade da época. Não é certo se Robert Louis Stevenson tenha consultado algum desses artigos para escrever a sua obra mais sinistra (ele diz que não), mas é inegável o interesse que essa luta interior, enquadrada no ambiente exploratório da altura, tenha sido uma influência na sua obra”, acrescenta, nomeando como exemplo o conto The Body Snatcher.
Fernando Ribeiro: “O livro é uma viagem ao interior da mente humana”
Numa época em que os heróis da História retomavam o seu lado proscrito, Stevenson, escritor de aventuras, elegeu como protagonista não o homem sensato dos livros, mas o homem completo e a sua luta eterna entre o bem e o mal
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