Um “Piknik Horrifik”, inspirado em Bosch, uma funambulista senegalesa acompanhada por 100 guitarristas e visitas guiadas são alguns destaques da 8.ª edição do Festival Todos, que decorre entre 8 e 11 de setembro.
O festival de matriz nómada, que inclui música, dança, teatro, gastronomia e arte urbana, é uma iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa (CML) em parceria com a Academia de Produtores Culturais.
O evento começou a sua Caminhada de Culturas em 2009, na Mouraria, e que se mantém em cada zona da cidade durante três edições, realiza-se este ano pela segunda vez na Colina de Santana/Campo dos Mártires da Pátria, depois do grande êxito de público do ano passado.
“Depois da aprovação unânime em sessão de câmara e de o Conselho Económico e Social da União Europeia o ter elogiado como uma boa prática de integração cultural, o Festival Todos regressa em setembro, para a sua 8.ª edição, e, este ano, o tema é o quotidiano”, disse à imprensa a diretora do Gabinete Lisboa Encruzilhada de Mundos (GLEM) da CML, Manuela Júdice.
À semelhança das anteriores edições, também esta terá espetáculos e atividades em diversos espaços do bairro, como explicou Madalena Victorino, programadora, juntamente com Giacomo Scalisi.
O hospital Miguel Bombarda, o jardim do Torel, o jardim do Campo de Santana, o Instituto Goethe e até o telhado da Faculdade de Ciências Médicas serão alguns dos territórios da cidade que acolherão a programação, destinada a promover uma aproximação entre moradores e espetadores, dando-lhes a conhecer tantas distintas marcas culturais quantas as nacionalidades.
O espetáculo com jantar incluído “Piknik Horrifik”, criado pela belga Companhia Laika a partir das pinturas de Hieronymus Bosch, e que decorrerá – revelou o ‘chef’ Peter de Bie, que o concebeu – “no hospital Miguel Bombarda, num espaço ao ar livre” é um dos destaques desta edição.
Partindo do quadro “O Jardim das Delícias”, a “superprodução de teatro culinário” assume a forma de “um piquenique apocalíptico” oferecido a 200 pessoas de cada vez, que é uma reflexão “sobre a escassez e a abundância, sobre a fome e o desperdício da superabundância na sociedade ocidental contemporânea”, lê-se no programa.
Além da comida, “também o ar estará presente no Todos deste ano, com um espetáculo de funambulismo”, revelou Madalena Victorino.
Em estreia absoluta, a funambulista senegalesa Tatiana Mosio Bongonga será acompanhada por 100 guitarristas de várias nacionalidades que residem em Lisboa, alguns deles músicos de rua, num espetáculo com coordenação musical de Pedro Salvador.
Outro dos destaques será “Bobines”, um espetáculo de novo circo pela companhia L’Attraction Céleste, que é descrito como um espetáculo em círculo para 200 pessoas, em que “um duo de palhaços excêntricos, poéticos e musicais” cria cenas divertidas a partir de excertos de filmes que serão projetados.
Até ao dia 11 de setembro, haverá concertos dos Violons Barbares, que combinam sons da Mongólia, de França e da Bulgária num “folk híbrido” que fica “entre o rock e as sonoridades ciganas”, e dos N3rdistan, uma banda “que mistura electro-rock com trip-hop, hip-hop e poesia árabe ancestral” com instrumentos africanos; uma peça do dramaturgo francês Rémis de Vos, com direção de Victor Hugo Pontes, intitulada “Ocidente”, que “disseca até ao osso o drama de um casal em decomposição”.
O Todos propõe ainda este ano muitas viagens gastronómicas na Fábrica Paraíso, “uma grande fábrica de comidas — comidas cruas, líquidas, comidas animais, feitas com os cereais do mundo, com todas as especiarias”, inspirada “nas fábricas que ao longo dos tempos existiram no bairro do Campo de Santana”, com “um conjunto de guias vindos de pontos do mundo muito diferentes”, explicou a coordenadora, Madalena Victorino.
O público poderá ainda dar “A volta ao mundo num mini-snack” no Aquário do Jardim, nos dias 10 e 11 de setembro: “Serão oferecidas marmitas originais e haverá também toalhas para as pessoas estenderem no jardim, se quiserem lanchar na relva”.
As visitas guiadas a muitos espaços e edifícios da Colina de Santana dividem-se entre “Visitas com História”, “Visitas com Arquitetos”, “Visitas com Artistas” e “Visitas ao Bairro entre a História e a Ficção”.
Nas edições anteriores, o festival decorreu nos bairros de Martim Moniz, Intendente, Mouraria, Poço dos Negros, Santa Catarina e São Bento.
Por um bairro melhor é a iniciativa que une a VISÃO, SIC Esperança e a Comunidade EDP em busca dos vizinhos mais ativos do País. Participe, dê ideias, contribua. Tudo por um bairro melhor.