Que valores da epopeia de Vasco da Gama na descoberta do caminho marítimo para a India foram retidos pela Montblanc para o lançamento desta coleção?
Foi o como e o porquê. Foi a curiosidade que levou Vasco da Gama a embarcar em tão incerta viagem e a encontrar o caminho maritimo para o Este. Ele não tinha acesso aos instrumentos tecnológicos de que hoje dispomos e teve que ser não só extremamente corajoso mas teve que planear, que preparar, que estudar para obter a precisão necessária e cumprir o seu objetivo. Esta curiosidade e esta bravura para ir além das fronteiras, para explorar território desconhecido, combinadas com a precisão, foi o que nos motivou.
Fala muito em precisão e já a apresentação que fez previamente esteve muito focada, entre outros valores da marca, na precisão. A precisão não é suposto ser algo que se tem por adquirido quando se fala de alta-relojoaria e de Montblanc?
Para nós a precisão está no cerne da nossa atividade e estamos sempre à procura de novas soluções para alcançar essa precisão. Quando combinamos complicações queremos que se traduzam em precisão porque se a Montblanc se pode definir numa palavra, ela é substância. A medição do tempo, a cronometria, é aquilo que fazemos – mas queremos fazê-lo de uma forma clara, elegante, contemporânea, integrando complicações mas não apenas pelo prazer de as fazer. Quando decidimos fazer uma coisa, tem que haver um propósito, um sentido, uma função, tem que haver funcionalidade.
Curiosamente, ou precisamente… a coleção de onde surge a linha Vasco da Gama chama-se Heritage Chronometrie. Pode dizer-se que a Montblanc vai buscar essa precisão à herança e ao know how da antiga manufatura Minerva, em Villeret, que é vossa?
Exato. No desenvolvimento desta coleção expressámos o principio da secção relojoeira da Montblanc que é sharing the passion for fine watchmaking (partilhando a paixão pela relojoaria fina). Isso parece muito genérico porque, afinal, quem é que está neste setor que não esteja apaixonado por ele? O que é único na Montblanc é que temos duas manufaturas, a Minerva, em Villeret, fundada em 1858, e a de Le Locle, uma manufatura state of the art. É assim que conseguimos criar peças únicas, inovadoras, com o refinamento próprio da indústria relojoeira suíça. A complicação do dual time é um exemplo de uma solução desenvolvida em casa mas que nos permite um refinamento relojoeiro que nunca foi visto neste segmento e que, portanto, nos permite acrescentar valor. Quando se vê como o mercado se desenvolveu ao longo dos tempos num mundo onde temos por garantida a inovação digital, estas soluções têm um grande efeito. Quando vocês falaram do neo-vintage, na última edição da Espiral do Tempo, o que é que há de tão especial no neo-vintage? Queremos entender isso e sentimos que há um apelo de certos valores que ainda parecem ser importantes e verdadeiros. O desafio de alcançar soluções mecânicas funcionais num espaço tão minúsculo continua atual e é nesse espaço que nós queremos estar.
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