Para alguns atletas, a conquista de uma medalha olímpica é a consagração de uma carreira. Para outros, como Fernando Pimenta, que conseguiu esse feito com apenas 22 anos, a medalha ganha no maior acontecimento desportivo do mundo representa apenas uma etapa num percurso em que tem como objetivo juntar-lhe muitos outros títulos.
A palavra objetivo não aparece aqui por acaso. Ela faz parte do vocabulário básico deste atleta, com condições físicas excecionais. Por isso, a repete com frequência.
Para ele, os objetivos são importantes na competição, mas também, na vida ou até quando tenta transmitir a sua ideia sobre o que o País deveria fazer para superar as dificuldades. A sua receita é sempre a mesma, exatamente aquela que aplica para se motivar nos treinos diários de cinco e seis horas ou nos cerca de 200 dias por ano passados em estágios: “O importante sempre é estabelecer objetivos. Depois, só temos que trabalhar e lutar para os atingir. Não vale a pena baixar os braços. É por querer atingir os objetivos que eu treino. É por querer progredir na carreira que as pessoas devem também esforçar-se nos seus empregos. Quando temos objetivos, sabemos que temos que dar o melhor para os alcançar.” Foi assim, aliás, que Fernando Pimenta, aos 11 anos, se apaixonou pela canoagem.
Num verão “em que não tinha nada para fazer”, pediu ao pai para o inscrever num campo de férias de iniciação à modalidade, no clube da sua terra, em Ponte de Lima. Com um objetivo: “Experimentar um desporto que não podia praticar nas aulas de Educação Física.” Os primeiros tempos foram difíceis, com muitas quedas, mergulhos forçados e a frustração de terminar esse verão sem uma única medalha nas competições com os outros miúdos. Só que as suas qualidades físicas foram imediatamente detetadas pelos instrutores, que o convidaram para se juntar à equipa. E ele, de imediato, estabeleceu um novo objetivo: “Ganhar medalhas.” Não mudou desde então. Nem mesmo a seguir à conquista da medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Londres e após uma receção apoteótica em Ponte de Lima, onde é visto como o herói da terra. Enquanto a maioria dos outros atletas olímpicos entraram de férias, ele continuou a treinar, a treinar. “Tinha o objetivo de ser campeão mundial de maratona em sub-23”, explica. Não o conseguiu por apenas meio segundo. “Mas é também na forma como reagimos às derrotas que se veem os atletas”, sublinha. E por isso continua com uma série de objetivos a nortearem-lhe a vida. Ganhar a medalha de ouro olímpica no Rio de Janeiro, em 2016, e participar em mais três ou quatro Jogos Olímpicos são os principais. Depois disso, então, pode pensar na consagração da carreira. E, quase de certeza, procurar novos objetivos.
BI
Idade: 23 anos
Atividade: Atleta de alta competição em canoagem. Vice-campeão olímpico, com Emanuel Silva, em K2-1000 metros, nos últimos Jogos Olímpicos
A escolha de… Rosa Mota
Campeã olímpica
A escolha de Fernando Pimenta é relativamente óbvia, pois ele e o seu companheiro Emanuel Silva ganharam a única medalha de Portugal nos Jogos Olímpicos. Pelo seu talento, pela sua vontade de treinar e pela tranquilidade com que enfrenta os grandes momentos e sendo ainda tão jovem como é, estou confiante em que nos dará muitas mais alegrias. Assim ele e a sua equipa não se distraia com as muitas solicitações a que terá de resistir e continue a concentrar-se na preparação diária, a pensar no Rio de Janeiro 2016 e nos Jogos Olímpicos que se seguirão.