Um ditado angolano diz que “quem beber da água do (rio) Bengo ficará para sempre ligado a Angola”.
Entrevista: Paulo Costa Dias; Fotos: Nuno Correia
Leia a entrevista completa em www.espiraldotempo.com
Naturais de Angola, José Teixeira e os seus filhos, José e Gonçalo, da Ourivesaria Camanga, em Lisboa, fizeram parte do êxodo de centenas de milhares de pessoas, aquando do processo que levou à independência de Angola. Mas a terra angolana e as suas gentes nunca saíram do coração de José Teixeira, nem do dos seus filhos, assim como não saíram do coração de portugueses e angolanos, tenham eles ficado acima ou abaixo do Equador, de um lado ou do outro do Atlântico, nas cidades ou no mato de Angola, num exemplo ímpar e insofismável da paixão por um país.
É essa capacidade, esse apelo infinito, de Angola e dos seus povos, sentido por todos os que tiveram o privilégio de ‘beber da água do Bengo’ que está na origem da edição especial e limitada Jaeger-LeCoultre Master Compressor Extreme World Alarm RENASCER. É sobretudo, também, a celebração da independência e da paz da nação angolana.
Ultrapassado o que só o tempo e o coração permitem ultrapassar, foi significativo o envolvimento da Grande Maison da alta-relojoaria suíça, Jaeger-LeCoultre, nesta edição limitada verdadeiramente histórica. A força com que Angola renasceu para o progresso, e a afirmação com que o fez no quadro das nações africanas, viabilizou a iniciativa. Um projecto com substância, como sempre pretenderam José Teixeira e os seus filhos.
Como nasceu este projecto?
Primeiro que tudo, somos angolanos de nascimento (sorriso). Esta ideia começou a germinar há algum tempo, anos mesmo, à espera da altura ideal para se desenvolver. Actualmente, temos bastantes contactos e bastantes amigos em Angola. O trânsito entre os dois países, como sabemos, é hoje extremamente intenso. José Teixeira (filho) – Foi um projecto longamente maturado…
É por isso que é uma edição limitada com tantos pormenores simbólicos associados?
Sim, achámos importante. Eu e os meus filhos começámos por nos lembrar de introduzir o mapa de Angola enquanto factor de identidade nacional.
Ao darmos a oportunidade de assinalar o local de nascença do proprietário, com a incrustação de um diamante – também ele um símbolo da terra angolana -, pretendemos algo que nos pareceu importante: a ligação da história pessoal do comprador à história que o relógio conta.
Ainda não tinham um nome para o projecto?
Tivemos algumas hesitações, até nos surgir o conceito do Renascer. Esta pareceu-nos imediatamente uma boa aposta por uma série de razões. Antes de mais, a independência de Angola pode ser vista como o marco de um país que renasce. Ao pensar na independência, pensámos na sua data, de onde nos surgiu a ideia do número de peças a produzir. Decomposto o número 1975, ano da independência, pensámos fazer 19 peças em platina e 75 em ouro rosa. Por outro lado, Angola é hoje um país que, claramente, renasce.
A escolha do modelo do relógio não deve ter sido fácil.
Como amantes de relojoaria, andávamos entusiasmados com as características da linha Master Compressor da Jaeger-LeCoultre. Quando foi lançado o World Extreme Alarm, começou-se a fazer luz. O facto deste ser um despertador tornou fácil a associação dessa função do relógio ao conceito que estávamos a desenvolver.
Pois não. Este modelo específico de relógio era muito apelativo, além do design e da qualidade, próprios da grande manufactura que é a Jaeger-LeCoultre. Tem 24 capitais referidas no mostrador, com o respectivo fuso horário. Sendo as elites de Angola, hoje, cada vez mais viajadas, por lazer ou negócios, fazia sentido que esta função fizesse parte do relógio. Esta característica simboliza também o esforço do Estado angolano no quadro das relações internacionais e o reconhecimento de que ele hoje goza. Que pudesse constar o nome de Luanda no mostrador pareceu-nos funda- mental e a concordância da Jaeger-LeCoultre face a este aparente pormenor foi importante. Ficou sacrificada Paris…
Este é um projecto comercial com um evidente laço afectivo. Ou vice- versa…
Efectivamente, é um projecto para angolanos concebido por angolanos. Existe, sem dúvida, essa carga afectiva. Uma das forças que fez mover o projecto e que fará promover as vendas é, justamente, ter essa grande carga afectiva.
Era importante que a marca associada a este projecto fosse uma marca com o peso da Jaeger-LeCoultre?
Foi um dos factores que permitiu ir para a frente, porque sem o prestígio e o envolvimento da Jaeger-LeCoultre não faria sentido avançar.