Foi preciso acontecer uma pandemia para muitas pessoas perceberem a importância de transformar a sua casa num verdadeiro lar, um conceito que está intrinsecamente ligado à necessidade de luz e arejamento. Novas exigências que levaram não só à reformulação de espaços mas também à criação de outros que estiveram durante anos subaproveitados e, literalmente, às escuras.
Um estudo internacional da Velux, empresa especializada em janelas de telhados, feito durante a pandemia apurou que 73% das pessoas confinadas tiveram de alterar os seus hábitos quotidianos. Para muitos, surgiu, assim, a necessidade urgente de repensar as diferentes zonas da casa, multiplicar a luz natural e criar soluções sustentáveis ao nível da saúde e do ambiente, garantindo uma sensação de mais espaço e boa ventilação.

Por cá, também se começa a ganhar uma nova perceção sobre o aproveitamento desta divisão da casa, como confirmou a arquiteta Joana Laranjeira, a nova estrela do canal Casa e Cozinha, que estreou há pouco mais de um mês.
Apaixonada pelo bricolage e decoração, a arquiteta que dá a cara no programa “Ó da Casa”, lembra que em Portugal, até há bem pouco tempo, o sótão era a zona da habitação em moradia mais negligenciada mas apesar de estarmos ainda bem longe da mentalidade arquitetónica nórdica, a tendência é para mudar. “A questão do custo de construção da casa sempre pesou e por isso, durante muito tempo, a opção sempre recaiu em deixar aquele espaço para arrumação ou, quando muito, o que se fazia era deixar as escadas já prontas ou um acesso previsto para eventual utilização futura. Mas poucas eram as moradias cujos sótãos já eram deixados habitáveis quando se concluía a construção. Mas isso está a mudar”, sublinhou Joana Laranjeiro, acrescentando que há mais remodelações mas também um maior cuidado nas construções novas.
Na empresa dinamarquesa Velux, líder a nível mundial no mercado das janelas desenhadas exclusivamente para telhados, a pandemia foi um ponto de viragem. Primeiro os confinamentos e depois a consolidação do teletrabalho implicaram conquista de espaço interior e para a empresa nórdica a multiplicação de projetos, comprovando a autêntica revolução que está a acontecer a nível habitacional um pouco por todo o mundo.
“Quando começou a pandemia, existia ainda muita incerteza e não sabíamos o que iria acontecer mas pouco depois começámos a perceber que as pessoas queriam mesmo aprimorar as suas casas. Acho que até à pandemia não existia muito a cultura de investir nas próprias habitações, mais facilmente as pessoas canalizavam as suas poupanças para mudar de carro, por exemplo, mas isso mudou”, diz Almudena López de Rego, arquiteta e diretora do escritório técnico da Velux.
A operar a uma escala global, o grupo VELUX viu o fenómeno a acontecer um pouco por todo o lado. “Em 2020/2021 fizeram-se remodelações em moradias um pouco por todo o mundo, num número de projetos inesperado para nós, um autêntico recorde em reformas”, conta a arquiteta.
Nesta vontade de melhorar a casa, as famílias conquistaram espaço novo no interior das habitações ou melhoraram o que já existia. “Quando se traz mais luz natural para dentro de casa introduzimos também calor durante mais meses ao longo do ano, logo estamos a poupar energia ao produzir esse calor de maneira ativa. É verdade que no Verão talvez tenhamos de pôr um bocado mais de refrigeração mas no final do ano o saldo de poupança energética vai ser positivo”, afirma Almudena López de Rego.
Um bónus em espaço
Às janelas de telhado, essenciais para trazer luz para o interior do espaço, Joana Laranjeiro do Ó da Casa junta outras dicas como o uso de cores claras e espelhos para potenciar a luz captada do exterior, tudo isto, claro, depois de um bom isolamento térmico para tornar o espaço habitável. “Depois é deixar a imaginação e a criatividade a funcionar. Pode-se construir uma sala de cinema, um escritório, uma sala ou aproveitar a área para criar diversos ambientes e para isso basta até usar mobiliário (ver caixa). Não é preciso fazer uma divisão vertical”, realça Joana Laranjeiro.
O potencial desta divisão da casa é infinito, logo destiná-lo a zona de arrumação é puro desperdício. Os tetos esconsos emprestam intimismo e um charme discreto que convidam ao repouso e ao recolhimento tornando o espaço perfeito para a suite principal da casa. Ou pode ser o local ideal para criar uma biblioteca caseira. As estantes devem ser construídas à medida e os pontos de luz são essenciais, seja iluminação natural, seja artificial.

Os escritórios em casa ganharam estatuto com a pandemia e melhor do que ter um escritório convencional é ter um no sótão, longe da agitação familiar. A secretária deve estar orientada para a janela ou clarabóia de forma a se poder usufruir de luz natural enquanto se trabalha.
O sótão pode ser ainda perfeito para criar uma sala menos formal, mais aconchegante, direcionada para momentos de lazer. Um misto de sala de cinema mas também para videojogos ou outros à boa moda antiga como matraquilhos, bilhar ou jogos de tabuleiro.
Mais sustentável
Com os custos da energia na ordem do dia, a quantidade de janelas e respetiva dimensão passaram a ser pontos essenciais num projeto desta natureza pois quanto mais luz natural se capta para o interior da habitação, menos recurso à artificial e mais poupança na conta da eletricidade no final do mês.
Mas a questão da sustentabilidade para a Velux vai além das poupanças energéticas conseguidas nos projetos onde está envolvida. Em 2021, a marca dinamarquesa assumiu um compromisso ambicioso com o Planeta – recuperar, através de vários projetos, a bolha de carbono que a empresa produziu durante os seus 80 anos da existência. “Cuidar do planeta não é só uma questão de ética e princípios, é uma questão de sobrevivência”, afirma Almudena López de Rego.
Algumas medidas estão já em curso – 90% das janelas de sótão que saem hoje das fábricas Velux são transportadas em embalagens sem plástico. Foi possível eliminar o plástico de utilização única e substituí-lo por uma embalagem de material à base de papel, feita de cartão certificado. A meta da marca passa por utilizar Zero Plástico nas embalagens até 2030.
Para além disso, em termos de produção, as janelas feitas pela marca usam madeira certificada. A empresa tem uma parceria com a WWF (World Wildlife Fund) que a ajuda numa gestão mais eficiente na matéria-prima identificando os melhores locais para a exploração de madeira.
Um dos projetos mais ambiciosos estabelecidos com a WWF é o que está a ser implementado no Uganda. Espera-se que o projeto de reflorestação que abrange 34.000 hectares proporcione uma economia de cerca de um milhão de toneladas de CO2. Toda a redução de emissões de carbono geradas pelo projeto financiado pelo grupo Velux servirão como uma contribuição para o governo de Uganda.
O Planeta também agradece.