A pandemia empurrou as pessoas para fora dos escritórios e para o teletrabalho deixando muitos edifícios vazios ou semi-vazios criando a dúvida de qual será o seu futuro pós-Covid. Mas com mais ou menos pessoas em trabalho remoto, a procura por espaços continua a existir, garante a consultora Savills no seu relatório European Office Development onde apurou que até ao final do ano serão adicionados mais 5,2 milhões de m2 de novos escritórios em toda a Europa dos quais 54% já estão pré-arrendados. Para o ano de 2022, antevê-se um aumento similar, de 5,1 milhões de m2.
Apesar de a percentagem de espaços pré-arrendados ser inferior a 2020 (entre 55% e 60%), Eri Mitsostergiou, diretora de European Research da Savills, refere que “a procura por espaços de trabalho de qualidade continua a ser uma prioridade para os ocupantes, não encontrando correspondência numa oferta que se mantém aquém das tendências de ocupação”.
Em linha com as conclusões da publicação Impacts 2021 da Savills, lançada recentemente, a transição para modelos de trabalho híbridos representará o principal grande desafio que as empresas terão que enfrentar ao longo dos próximos cinco anos.
Em cidades como Berlim, Estocolmo, Amesterdão, Paris e Munique, a taxa de disponibilidade de espaços de escritórios cai para níveis inferiores a 6%, naqueles que são considerados alguns dos mercados de arrendamento mais competitivos.
Quanto a Portugal, a disponibilidade de escritórios no mercado de Lisboa mantém-se na ordem dos 7%, atrás de Barcelona, que regista uma taxa de disponibilidade de 8,5%. É esperado um aumento superior a 150 mil m2 de espaços de escritórios em Lisboa para o biénio 2021-2022. Para a cidade do Porto, esse aumento de novos espaços de escritórios deverá atingir os 100 mil m2 até 2022.
Por outro lado, espera-se que um aumento da oferta secundária seja responsável por um aumento da taxa de disponibilidade de espaços de escritórios nos mercados europeus. Existe, porém, a possibilidade de este aumento de oferta não ser capaz de satisfazer as exigências atuais dos ocupantes, principalmente no que respeita aos indicadores ESG (Ambiente, Social e Governance) e de sustentabilidade digital.
E o regresso gradual aos escritórios fará com que muitas empresas invistam na remodelação dos espaços, com maior ênfase no bem-estar e segurança dos trabalhadores, preconiza o estudo.
“Os escritórios não terão necessariamente de ver reduzida a sua área, mas a distribuição terá de ser diferente e continuarão a ter um papel fundamental no reforço dos valores e cultura da empresa”, realça Ana Redondo, Associate Director da Savills Portugal, rematando que “a área que diz respeito aos postos de trabalho convencionais terá de ser convertida em espaços de maior estímulo à criatividade e à cooperação em grupo, onde os contactos informais potenciam a troca de experiências, de informação e conhecimento”.