É um dos materiais mais sustentáveis da construção civil, reciclável a 100% e de forma infinita daí ser usado massivamente em grandes mercados imobiliários como os EUA, China ou Reino Unido. Mas em Portugal a construção metálica representa apenas 20% do ‘bolo’ total movimentado pelo setor, chegando, ainda assim, aos 4.700 milhões (números pré-pandemia) assegurado por um universo de mais de 2.700 empresas.
Para partilhar as últimas tendências do que está a acontecer nesta área, a Associação Portuguesa de Construção Metálica e Mista (CMM) vai realizar um congresso internacional online daqui alguns meses, em novembro, com a participação de vários especialistas nacionais e internacionais. Uma das abordagens será a sustentabilidade construtiva, como adiantou à Visão Imobiliário o presidente da CMM, Luís Simões da Silva.
“A questão da sustentabilidade é muito importante para nós porque a construção metálica tem um potencial de reutilização muito elevado. Desde logo é fácil montar e desmontar uma estrutura metálica e tornar a montá-la em outro sítio qualquer. O mesmo não acontece com as outras construções em que tudo é muito monolítico… Para desmontar, tem que ser destruído. Ainda na linha do que são as prioridades na gestão de resíduos, a reciclagem do aço é a 100% e é reciclável infinitamente sem nunca perder as características”, explica o presidente da CMM.
A estrutura metálica é um tipo de sustentação usada na construção civil composta por perfis metálicos, principalmente em aço e pode ser aplicada em todo o tipo de projetos, de casas a lojas até edifícios com mais escala como pavilhões desportivos, supermercados, centros de distribuição e até centros comerciais, entre outros.
Outra vantagem da utilização das estruturas de aço assenta na redução do erro na construção, reforça o engenheiro. “A construção metálica é totalmente feita em fábrica, preparada em série e para ser montada em obra. É uma operação que causa pouco distúrbio no local onde vai ser executada ao contrário de outros métodos, além de permitir um melhor controlo de qualidade uma vez que é feito em fábrica, num ambiente controlado e não ao ar livre”, diz o responsável.
Apesar das vantagens, Portugal ainda está longe de chegar aos níveis de utilização de alguns dos maiores mercados de construção do mundo, até por questões de fidelização a métodos mais tradicionais como o recurso ao betão, por exemplo.
“Na China, por exemplo, que é o maior produtor e consumidor de aço e também para a construção, não há edifício que não utilize a construção em aço. No Japão a quota de mercado é superior aos 50% e no Reino Unido aos 70%. Nos EUA a sua utilização também é massiva”, realça o presidente da CMM.
A popularidade do aço e da sua utilização na construção vai, porém, enfrentar grandes desafios nos tempos mais próximos. Se a pandemia veio impactar negativamente o sector, o pós-pandemia ainda será pior, alerta Luís Simões e Silva.
“Curiosamente 2020 não foi um ano muito mau para o setor porque os projetos já estavam em curso. O prolongamento destas restrições ao longo do tempo, isso sim, é que irá causar um grande impacto. Com a redução da atividade económica, a produção de aço caiu muito, em diversos países e neste momento já há falta de matéria-prima. Com as consequências nefastas no aumento dos preços”, diz o presidente da CMM.
O XIII Congresso de Construção de Metálica e Mista vai realizar-se nos dias 25 e 26 de novembro num registo online, mas que pretende ir além da simples conferência via zoom. Segundo o responsável, o objetivo é apostar num “formato televisivo, com estúdios virtuais” com a participação de oradores nacionais e estrangeiros.