Tem a provecta idade de 125 anos e a reputação de quem já transacionou edifícios emblemáticos pertencentes a não menos impactantes personalidades, como a mansão de Winston Churchill ou a Grosvenor House, do duque de Westminster, um dos palácios mais bonitos de Londres. Agora, a britânica Knight Frank vai instalar-se em Portugal através da parceria firmada com a Quintela e Penalva, consultora especializada no mercado de luxo e fundada por Francisco Quintela e Carlos Penalva.
A partir de agora a empresa passa a chamar-se Quintela + Penalva/Knight Frank, acedendo, a partir deste acordo de parceria em regime de co-branding com o gigante inglês, a um vasto mercado que vai muito além do Reino Unido – a Knight Frank tem uma rede de 488 escritórios em 58 países.
O estudo ‘Prime Global Forecast 2021’ realizado pela Knight Frank e que destaca Lisboa como uma das capitais do mundo onde o preço das casas continuará a subir (a estimativa é de uma subida média de 4%) deu confiança à Knight Frank no futuro do mercado imobiliário português. E também os resultados da consultora portuguesa.
Apesar da pandemia, o volume de transações da Quintela + Penalva ultrapassou os 110 milhões de euros em 2020 e, como realçou Francisco Quintela à Visão Imobiliário, foi também no ano passado que a consultora teve “os quatro melhores meses dos 17 anos de vida da empresa”.
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A “mudança de paradigma habitacional” estimulada pela pandemia que leva as pessoas, com capacidade financeira, a comprarem casas maiores, com grandes varandas e/ou integradas em zonas ajardinadas, explica parte deste impulso. Tal como o investimento maior em casas de segunda habitação, que em tempos prolongados de confinamento, se tornaram em primeiras habitações.
“Das quatro lojas da Quintela + Penalva, a que mais cresceu em 2020 – cerca de 30% – foi a de Cascais. Para se ter uma ideia, o ticket médio transacionado nesta zona é de 1.6 milhões de euros. Em Lisboa é de €500.000”, diz Francisco Quintela, , referindo que nas quatro lojas (Lisboa, Porto, Oeiras e Cascais), a empresa soma uma carteira de 3.000 imóveis.
Lembrando que antes da pandemia, os estrangeiros representavam uma fatia de 52% dos clientes desta filial versus 48% de nacionais, o responsável adianta que agora a proporção é de 40% de estrangeiros para 60% de nacionais.“Há portugueses com muito dinheiro. Que compram casas em Cascais na ordem dos cinco ou seis milhões e muitas vezes sem financiamento. Por isso o dinheiro está cá e existe. As pessoas apenas procuram a altura certa para investir”, reforçou ainda Francisco Quintela.
A parceria com a Knight Frank abrange especificamente a transação de imóveis em Lisboa, Porto e também Setúbal, “distrito onde a consultora “tem vendido muitas casas e terrenos, tanto para segunda habitação como para investimento, seja a portugueses ou a estrangeiros”.
Para 2021, o responsável acredita na continuidade da dinâmica no mercado doméstico e na consolidação de segmentos estrangeiros como o dos brasileiros e dos franceses. “Desde que começámos a trabalhar o mercado internacional, os brasileiros foram os que mais se destacaram e eles vão manter-se por cá. Eu diria mesmo que os brasileiros (tal com os franceses) atingiram a velocidade-cruzeiro no imobiliário português. Provavelmente, as maiores fortunas do Brasil já têm uma casa em Lisboa, a que somam uma outra em Paris, Nova Iorque ou Miami. Portugal tornou-se em mais um ponto de investimento e uma porta de entrada para a Europa”, reforça ainda.
A “mini-Califórnia da Europa”
Espera-se também que a associação com a Knight Frank permita reforçar o peso de clientes de outras nacionalidades com os britânicos, claro, e os americanos como acrescenta, por seu turno, Marta Espírito Santo, diretora do departamento internacional da Quintela + Penalva. “O Brexit não vai reter os ingleses no seu investimento imobiliário, bem pelo contrário. Eles vão continuar a querer circular livremente pela Europa e vão querer que os seus filhos possam estudar na Europa. E não estamos só a falar dos ingleses com grande capacidade financeira. Mesmo nos outros estratos sociais. O custo de vida em Portugal compensa muito e é bastante apelativo para as pessoas mais novas, os nómadas digitais, que estão cada vez mais interessadas em vir para cá para trabalhar”, aponta Marta Espírito Santo. Aqui, acrescenta, “há sol, ondas perfeitas para o surf, vinho e boa comida, é uma espécie de mini Califórnia na Europa”.
Também Alex Koch de Gooreynd, sócio da Knight Frank, congratulou-se com esta parceria com Portugal, mesmo em tempos de pandemia e do momento difícil que se atravessa no momento. “Continuamos a registar um forte interesse, tanto da parte de investidores internacionais como de expatriados, em escolher Portugal como destino de ‘relocation’”, fez questão de sublinhar o CEO da consultora britânica.