2020 ficará marcado para sempre na História como o ano da pandemia Covid-19 e está a ser devastador para muitos setores mas não forçosamente para o imobiliário. Longe disso. Segundo Pedro Lencastre, diretor-geral da consultora JLL Portugal, este será o terceiro melhor ano de sempre em volume de transações imobiliárias desde que há registo.
“Até a pandemia aparecer estimávamos que 2020 iria ser mais uma vez o melhor ano em todos os setores do imobiliário. Que seria mais um ano histórico”, disse Pedro Lancastre à agência Lusa, assinalando que, apesar da atual situação, este “ficará como o terceiro melhor ano” a seguir a 2018 e 2019 em termos de volume transacionado. As estimativas apontam para que o imobiliário comercial (retalho, escritórios, hotelaria, logística) atinja os 2,7 mil milhões de euros em transações e que o segmento residencial bata os 23 mil milhões de euros.
Em 2019, estes segmentos registaram 3,2 mil milhões e 25 mil milhões de euros, respetivamente, em imóveis transacionados.
2021 vai ser melhor
Olhando para 2021, Pedro Lancastre refere que os negócios em carteira e os sinais de recuperação que começaram a sentir-se a partir do terceiro trimestre deste ano, após a quebra observada no segundo trimestre, indicam que o próximo ano possa ultrapassar os resultados de 2020.

“Portugal poderá até ser um dos vencedores em termos de imobiliário em 2021 e anos seguintes” pelo facto de ser cada vez mais “um país onde as pessoas querem morar, trabalhar e estudar”.
Mas, para que tal possa acontecer, defende, têm de ser dados “sinais que há uma espécie de ‘via verde’ para os investidores se instalarem cá”, ou seja estabilidade.
Neste contexto aponta os ‘vistos gold’ e a necessidade de manter o regime sem as alterações sinalizadas na autorização legislativa incluída no Orçamento do Estado para 2020.
Entre as tendências para os próximos tempos a acontecerem no mercado, o responsável da JLL aponta a maior dinâmica no arrendamento habitacional no centro de Lisboa e Porto, assente na transição de casas antes reservadas ao alojamento local e agora disponíveis para arrendamentos de maior duração. Mas, diz Pedro Lancastre, será “uma situação momentânea”, que acabará assim que a pandemia permitir que o movimento de turistas regresse ao seu ritmo normal.
A pandemia impôs ainda outra ‘novidade’ – o uso mais generalizado do teletrabalho. Mas para o responsável, esta tendência não terá um efeito demasiado impactante no mercado de escritórios. “Trabalhar em casa é contranatura. Os escritórios são espaços de trabalho e não serão substituídos”, refere para acrescentar que o design e o conceito de escritório vai certamente mudar, mas o escritório físico continuará a existir. A nível de tendências de futuro, Pedro Lancastre sublinha ainda a aposta crescente na sustentabilidade, sobretudo ao nível da nova construção.