Sem surpresas, os números relativos aos novos registosde Alojamento Local (AL) não deixam margem para dúvidas sobre a profunda crise que o setor atravessa. Em abril deste ano, já em pleno período de confinamento, apenas 189 novas unidades foram registadas, contrastando com as 1.750 unidades no mesmo período do ano passado, quando tudo corria de feição no setor do turismo.
“Este é o
pior resultado dos últimos 64 meses, pelo que é necessário recuar a setembro de
2014 para encontrar uma dinâmica tão baixa”, revela o relatório mensal de maio
da consultora Imovendo.
“Esta é apenas uma evidência da falta de confiança que os investidores
atualmente sentem e que revela também que as expectativas futuras para o
Turismo, em geral, e para o AL em particular, são longe de animadoras, mesmo
com os programas que algumas câmaras municipais já anunciaram, como é o caso de
Porto e Lisboa”, afirma Manuel Braga, CEO da Imovendo.
Para a consultora, o AL reveste-se hoje de um “caráter quase-tóxico”, quando
era encarado, até março, como um produto de elevada rentabilidade.
“Quem apostou no AL procura agora alternativas, como a venda de ativos ou a sua
colocação no mercado de arrendamento de longa duração. Quem dele dependia para
escoar produto reabilitado, vê-se com ativos desvalorizados e com menor
procura. Quem nele pensava apostar, retrai-se agora, fruto da elevada incerteza
e risco que enquadra o setor”, explica aquele responsável.
Por outro lado, “apesar de abril ter permitido uma certa melhoria dos
indicadores de procura imobiliária, como é exemplo a recuperação da procura
online observada, os atores que atuam no mercado antecipam uma queda abrupta na
atividade do segundo trimestre”, tendo o indicador de confiança da procura para
este período (INE) atingido o seu valor mais baixo desde o início da série (em
março de 2001), refere-se no relatório da Imovendo.
“É provável que, à medida que o desconfinamento ocorra, a confiança regresse,
mas a amplitude da queda de confiança dos profissionais no futuro próximo
obriga a que se reflita sobre as melhores estratégias para acelerar a
recuperação e a confiança dos consumidores”, conclui Manuel Braga.