O turismo residencial conta perder metade da sua receita devido ao impacto do surto de coronavírus. Um inquérito feito pela Associação Portuguesa de Resorts (APR) junto dos seus 35 associados (com resorts de norte a sul do país) apurou que estes previam quebras de receitas em média superiores a 50% em relação ao ano passado quando o volume de faturação atingiu os 650 milhões de euros.
“Estas estimativas são válidas a 24 de março e pressupõem que o pico do surto será atingido em meados de abril, que a situação estará controlada no início de junho e que nessa altura as restrições ao tráfego aéreo irão terminar no espaço europeu, norte-americano e asiático. No entanto, como estamos especialmente dependentes dos nossos mercados emissores, todos em diferentes fases e alguns com situações bem mais complexas, é possível que o regresso a algum tipo de normalidade seja bastante mais demorado e que a realidade seja ainda pior que estas projeções”, referiu comunicado da APR.
Atendendo ao atual cenário, a APR veio alertar que tendo em conta a “prioridade e esforço” para manter os postos de trabalho, as estruturas, os potenciais clientes e os parceiros de negócio, é necessário uma resposta imediata com vista à recuperação.
“Mas infelizmente, entendemos que as medidas de proteção do emprego e de apoio às empresas anunciadas pelo Governo são claramente insuficientes e carecem em alguns casos de regulação e detalhes específicos”, acentuou a APR, no seu comunicado.
“Devemos examinar a realidade dia a dia, semana a semana, não em meses ou trimestres: as receitas podem caíram em vertical na maioria dos casos em 100% de um para o outro. Quem não viesse a ter trabalho deveria receber imediatamente o subsídio de desemprego até que as respetivas empresas estejam em condições de readmitir essas mesmas pessoas”, exemplifica, reclamando ainda a “isenção de impostos durante um certo período de tempo, designadamente dos impostos de património e de transmissões imobiliárias, que possam ser um incentivo, que permitam manter os compradores no mercado”.
Mas não só. Dilatar prazos de pagamentos de outros impostos e manter “instrumentos de competitividade nacional na captação e fixação de investimento estrangeiro, como são os vistos Gold e o regime dos residentes não-habituais”, são outras medidas pedidas pelo sector. “O turismo e o imobiliário têm estado entre os principais motores da economia portuguesa ao longo dos anos. São indústrias que importa proteger empenhadamente e com realismo pois pode estar em causa a sua capacidade de ajudar eficazmente o país quando se iniciar a retoma”, apelou ainda a representante das empresas de resorts turísticos.