Nunca quis fechar-se no seu casulo e, aos 74 anos, mantém os olhos bem abertos em relação a tudo quanto se passa à sua volta. Recentemente nomeada para o Conselho de Estado, Lídia Jorge tem uma assertividade que não condiz com a (aparente) fragilidade dos seus gestos. E talvez por isso a sua voz mereça ser ainda mais escutada.
Recomeçou agora um romance, depois de um ano terrível, com o desaparecimento da sua mãe, que morreu com Covid-19. A pandemia retirou-lhe concentração para escrever?
Apenas para um determinado tipo de escrita. Senti este tempo como um desafio, ao nível da interpretação daquilo por que estamos a passar e, por isso, acabei por escrever muitos textos. Esta passagem, esta transição fez-me mergulhar numa espécie de introspeção sobre o sentido das coisas, da vida e das relações humanas.