Henrique Madeira, professor catedrático do Departamento de Engenharia Informática (DEI) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), liderou uma equipa que demonstra que é possível usar ferramentas inteligentes para melhorar software e prevenir erros informáticos. O projeto interdisciplinar Base, de Biofeedback Augmented Software Engineering, junta investigadores das neurociências, biomedicina, inteligência artificial e inteligência artificial para desenvolver as ferramentas que recebem inputs das várias áreas para criar a solução.
Da parte das neurociências, a equipa do Professor Miguel Castelo Branco procura identificar as zonas do cérebro envolvidas no erro humano no contexto de produção de software e tenta perceber se existe, por exemplo, um padrão de ativação cerebral quando se descobre um bug.
Do lado da biomédica e inteligência artificial, o grupo liderado pelo Professor Paulo de Carvalho investigou processos não intrusivos de medição de carga cognitiva dos programadores. Por fim, na engenharia de software, a equipa do professor Henrique Madeira responsabilizou-se por desenvolver novas ferramentas de apoio ao programador de software, isto é, ferramentas que consigam prever os erros do próprio programador, explica o comunicado de imprensa.
Um dos primeiros resultados, mensurável já de forma prática, é que é possível “dotar o ambiente de desenvolvimento de software de novas funções para ajudar o programador, particularmente indicar o código que deve ser (re)visto com mais cuidado. A pessoa está a programar e a ferramenta vai marcando, a amarelo ou a vermelho, as zonas de código que devem ser revistas”.
A ferramenta desenvolvida, já patenteada e chamada iReview, avalia a qualidade das revisões de um programador, estando especialmente focada em identificar as interações entre quem programa e quem verifica, para relevar falhas possíveis. Caso sinalize que a revisão deve ser repetida, a ferramenta aponta as zonas de código que devem ser analisadas com mais atenção, explicando a razão para essa segunda revisão.
Um segundo entregável deste projeto é a iMind, uma ferramenta idealizada com o objetivo de ajudar indivíduos a compreender conteúdos digitais, como por exemplo, no estudo de uma língua estrangeira, com o processo a ser o mesmo de “ler um texto em vez de rever código de software. Por exemplo, se houver uma passagem que a pessoa não entenda no texto, a ferramenta indica de forma automática a tradução ou dá uma sugestão”, explica o professor Henrique Madeira.
O BASE resulta de um consórcio entre o Centro de Informática e Sistemas da Universidade de Coimbra (CISUC), do Departamento de Engenharia Informática da FCTUC, o Coimbra Institute for Biomedical Imaging and Translational Research (CIBIT) da Universidade de Coimbra, e o Politécnico de Milão, tendo sido financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), no valor de 239 mil euros.