Para a maioria dos cidadãos que usam telemóveis, a questão não se coloca. Para quem é surdo ou mudo é uma missão bastante mais complicada: como enviar um alerta para o serviço de emergência 112? João Gomes conhece bem a dificuldade – ou não fosse um empresário surdo e também o criador da App112, provavelmente a primeira aplicação para telemóvel, que permite a uma pessoa com limitações visuais, da fala e da audição enviar alertas georreferenciados para um serviço de atendimento especializado.
A App112 tem por pressuposto que o utilizador forneça dados sobre o tipo de limitações que o afetam. Consoante esta descrição a app vai definir qual a melhor forma de comunicar um alerta. «Na app, o alerta é lançado escolhendo apenas o destinatário (bombeiro, polícia ou ambulância) e pressionando num botão. O utilizador não necessita de escrever ou de explicar (por fala ou linguagem gestual portuguesa) o acontecimento que gerou o alerta. Basta que selecione o tipo de alerta e prima no botão correspondente», explica João Gomes, num e-mail enviado para a Exame Informática.
A nova app está apta a enviar, a qualquer hora do dia e em qualquer lugar do mundo, alertas de pessoas surdas; pessoas surdas-cegas; pessoas ouvintes-cegas; pessoas idosas ouvintes; pessoas idosas surdas; pessoas com deficiência; e pessoas sem deficiência. A App112 também deixa em aberto o uso de videochamadas por Wi-Fi, 3G ou 4G e o envio de notificações para amigos ou pessoas responsáveis no apoio aos diferentes tipos de utilizador.
Apesar de facilitar o acesso a um serviço de emergências, a app pensada pela Earthwnd e implementada pela Appylab tem um custo anual de 20 euros para quem quiser garantir acesso ao serviço de emergência 112 georreferenciado. João Gomes justifica o custo com a necessidade de suportar os salários dos operadores que prestar assistência nesta app de emergência.
A este valor poderão juntar-se os custos da modalidade de teleassistência, caso o utilizador queira beneficiar do atendimento por videochamada.
A app não comunica diretamente com os serviços de atendimento do 112, apenas funciona como um intermediário que facilita o acesso aos serviços de proteção civil: «A informação é filtrada através dos operadores da app112 que utilizam o backoffice que desenvolvemos, e é enviada para o 112 (Número Europeu de Emergência) com os dados relativos ao nome do utente, tipo de deficiência, tipo de doença e localização da ocorrência», acrescenta João Gomes.
A nova app, que também conta com uma versão disponível num endereço web, começou a ser desenvolvida em junho – e fez estreia no final de setembro.
Por enquanto só nas lojas do Android será possível descobrir a versão app. Em breve, deverá estrear uma versão para iOS.