A YouTube terá recebido milhares de dólares em receitas provenientes dos vídeos de recrutamento do controverso Andrew Tate. Recorde-se que o misógino influencer promovia a sua “escola de negócios” onde prometia que todos podiam ficar ricos rapidamente. Descobriu-se mais tarde que tudo não passava de um esquema de pirâmide e que Tate dependia das plataformas sociais para iludir e explorar os seus fãs.
A The Real World é a escola prometida por Tate e que prometia lucro rápido. Na verdade, os seguidores eram obrigados a trabalhar durante longos períodos, numa atmosfera semelhante a um culto e a produzir vídeos de recrutamento para atrair novos candidatos.
O conteúdo de Tate foi banido da YouTube, do TikTok e do Instagram em agosto de 2022. Só a plataforma de vídeos da Google, sabe-se agora, terminou mais de 12 canais de promoção da The real World com mais de dois milhões de subscritores e um total de 1,3 mil milhões de visualizações entre todos. A investigação da Vice levou a YouTube a tomar estas medidas, mas agora, um porta-voz da plataforma confirma que dois dos maiores canais geraram receitas inferiores a 60 mil dólares cada um. A confirmar-se e tendo em conta que o conteúdo está em múltiplos canais, a YouTube pode muito bem ter recebido largos milhares de dólares.
Callum Hood, direotr de investigação do Center for Countering Digital Hate, conta que “as plataformas podem tentar endereçar o tema, mas parece que não o querem fazer (…) Há incentivos poderosos para a YouTube e a apontar para a direção errada. Não só os vídeos de elevado engajamento como os de Tate geram receitas para a plataforma, como a moderação de conteúdos adequada também custa dinheiro. Por vezes é mais lucrativo para a YouTube fechar os olhos e tentar safar-se fazendo o mínimo”.
Hood explica ainda que apesar de os principais canais de Tate até poderem ter sido removidos das grandes plataformas, “na realidade, o que vemos consistentemente é contas afiliadas como estas a aparecer em todas as plataformas para… divulgar a sua imagem, promover a sua retórica de ódio e as suas aventuras empresariais”.
O maior dos canais afiliados foi removido só no mês passado, apesar de Tate já ter sido banido em 2022, tinha mais de 600 mil subscritores e mais de 450 milhões de visualizações. O nome de Tate e a sua imagem continuaram a ser usados até há bem pouco tempo nesta página, com muitos dos vídeos aí difundidos a poderem ser vistos também em muitos outros canais, entretanto também monetizados.