Psiquiatras autorizados na Austrália já podem prescrever tratamentos à base de ecstasy e psilobicina para curar stress pós-traumático e alguns tipos de depressão. O país torna-se o primeiro do mundo a autorizar a receita destas drogas para o tratamento de doenças. Para já, nos EUA e no Canadá também é autorizado este tipo de uso, mas apenas em ensaios clínicos ou em situações que carecem de validação especial.
Na Austrália, as autoridades reclassificaram o sistema de drogas em fevereiro e estas duas foram consideradas “relativamente seguras” quando usadas em “ambientes clinicamente controlados”, explica o The Guardian. O ecstasy vai ser usado para tratar stress pós-traumático e a psilocibina para ajudar em quadros de depressão.
Mike Musker, especialista em saúde mental e prevenção do suicídio, explica que drogas como o MDMA “ajudam os doentes a sentir-se mais ligados às pessoas e aos terapeutas e a ter mais abertura para falar sobre experiências más”. Já a psilocibina tem um “efeito psico-espiritual que não se obtém com drogas tradicionais (…) fazendo a pessoa sentir-se diferente sobre si mesma, sobre a sua vida… e, esperamos, que ajude a voltar a querer viver”.
As autoridades australianas preveem que o uso generalizado aconteça algures em 2024 e explicam que o processo passa por tratamentos recorrentes, durante algumas semanas, com os pacientes a ficarem sob vigilância clínica depois de tomados os medicamentos.
Um porta-voz do Departamento de Saúde da Austrália afirma que a decisão de mudar as regras “reconhece que a evidência do uso destas substâncias no tratamento de doenças mentais não está ainda bem estabelecida (…) no entanto, os benefícios para alguns pacientes vão suplantar os riscos e há atualmente uma falta de opções para pacientes com doenças mentais particularmente resistentes”.