A explicação oficial da Eliminalia para o seu método de atuação é fácil de perceber: “realizamos uma pesquisa profunda pela Internet por toda a informação – seja um artigo, um blogue, uma publicação de redes sociais ou até uma identificação errónea”. Depois, a empresa realiza todas as atividades em nome dos clientes para apagar toda a informação sobre os utilizadores.
Uma reportagem do The Guardian revela, no entanto, que a Eliminalia emprega métodos questionáveis e enganadores para conseguir os seus intentos.
Os funcionários da Eliminalia fizeram-se passar por organizações de media ou outras, forjaram documentos de denúncia de violação de direitos de autor para a Google e outros para conseguir a remoção da informação e, noutros casos, enterraram os conteúdos negativos sobre os utilizadores debaixo de uma enxurrada de histórias sobre cães, carros ou futebol.
Muitos dos clientes recorreram aos serviços da Eliminalia para apagar momentos embaraçosos ou traumáticos do seu passado e que continuavam disponíveis online. Outros, no entanto, tinham passados criminosos que querem ocultar, como ligação ao tráfico de droga, fraudes e, pelo menos um deles era um predador sexual.
A Eliminalia explica que usa primariamente o argumento do “direito a ser esquecido”, em vigor na União Europeia, que confere aos cidadãos o direito de pedir a eliminação de referências criminosas quando já foram condenados e já passou tempo suficiente.
A reportagem do The Guardian assentou em 50 mil documentos partilhados pela Forbidden Stories, uma entidade francesa sem fins lucrativos, e não é claro ainda se os clientes estão a par dos métodos usados pela Eliminalia.
A empresa trabalhou para mais de 1500 pessoas e organizações entre 2015 e 2021, incluindo um banco suíço acusado de lavagem de dinheiro, proprietários de imóveis no Reino Unido envolvidos em fraudes, um magnata turco das biotecnologias acusado de contratar um assassino para eliminar um sócio e um empresário venezuelano envolvido em evasão fiscal.