Xiaolang Zhang admitiu em tribunal ter roubado documentos daquele que é um dos projetos mais secretos da Apple até à data – a criação de um sistema para veículos de condução autónoma. O ex-engenheiro começou a trabalhar na equipa de desenvolvimento deste sistema em 2015, mas acabaria por ser detido em 2018, num aeroporto, antes de embarcar para a China.
Zhang estava acusado do roubo de informações comerciais secretas, o que neste caso específico incluía um documento de 25 páginas com desenhos esquemáticos para uma placa de circuitos para veículos autónomos, manuais de referência sobre o projeto e outros documentos com requisitos técnicos para um protótipo de um veículo de condução autónoma.
Quando foi presente a tribunal pouco depois da detenção, em 2018, Zhang declarou-se como inocente. Desta vez, o trabalhador de origem chinesa declarou-se culpado.
Até 10 anos de prisão
O caso começou a ganhar contornos em 2018. À época, Xiaolang Zhang tirou uma licença parental e viajou para a China. Quando o prazo da licença estava prestes a terminar, Zhang informou a Apple de que não iria continuar a trabalhar na empresa. Devido a comportamentos “evasivos”, segundo a publicação 9to5Mac, e ao facto de Zhang ter-se depois juntado ao fabricante automóvel chinês XMotors, foi feita uma investigação aos equipamentos que tinham pertencido a Zhang.
Segundo documentos da acusação, citados pela publicação CNBC, uma investigação interna da Apple concluiu que o engenheiro descarregou informação interna da empresa para um equipamento externo e há mesmo imagens de videovigilância que mostram Zhang a entrar num laboratório da Apple e a levar placas de circuito e até um servidor Linux consigo.
Além das implicações do roubo em si, este caso também revela mais algumas informações sobre o projeto da Apple para veículos autónomos. Por exemplo, sabe-se agora que a empresa já teve quase cinco mil pessoas a trabalhar de forma direta ou indireta no projeto, enquanto 2700 pessoas têm mesmo acesso a materiais do projeto.
Xiaolang Zhang enfrenta agora uma pena que pode ir até aos 10 anos de prisão e a uma multa de 250 mil dólares. A Apple processou também um outro funcionário, Jizhong Chen, em 2019, igualmente pelo roubo de documentos secretos da divisão de veículos de condução autónoma – um caso que ainda está a decorrer.