Dados da Chainalysis, empresa especializada em monitorização de criptomoedas e blockchains, mostram que sete ataques a mercados de criptomoedas e empresas de investimento perpetrados por hackers da Coreia do Norte renderam 395 milhões de dólares aos piratas. As receitas totais destes criminosos, provenientes deste tipo de ataques, já ascendem aos 1,5 mil milhões de dólares que terão ido parar diretamente ao regime de Kim Jong-un e servem para a economia se subsidiar, num cenário macroeconómico em que está cada vez mais isolada.
Erin Plante, da direção de investigação da Chainalysis, considera que “têm sido muito bem-sucedidos. Ficamos contentes por ver ações por parte das agências de autoridade contra a Coreia do Norte, mas a ameaça ainda persiste e está a crescer”, cita a Wired.
Os montantes roubados são contabilizados com a valorização da cibermoeda à data do saque. Pela primeira vez desde que a Chainalysis está a fazer esta análise, a Bitcoin já não é a moeda mais presente, representando agora apenas 20% do total roubado. A Ethereum é agora a mais procurada, totalizando 58% dos fundos roubados, com os tokens ERC-20 a representar outros 11%, cerca de 40 milhões.
A tendência é semelhante à que se regista nos ataques de outras origens também: os roubos de Ethereum subiram para um total de 272 milhões de dólares em 2021, face aos 161 milhões de 2020. Plante explica que isso se pode dever ao facto de que “muitos destes mercados e plataformas de negociação são novos e potencialmente mais vulneráveis a estas intrusões. Estão a apostar forte no Ethereum e nos tokens ERC-20 e são alvos mais fáceis”.
Além dos mercados de criptoativos, os hackers parecem ter virado agulhas também para outros setores, com a empresa de segurança Mandiant a revelar ter encontrado indícios de que TEMP.Hermit e Kimusky, dois grupos norte-coreanos, estavam encarregues de atacar organizações de biomedicina e farmacêuticas, ao mesmo tempo que roubavam criptomoedas. O foco parece ser obter informações que possam render dinheiro e também conseguir fundos diretamente, com a aposta na cibermoeda a justificar-se pela aparente facilidade com que se conseguem depois lavar os ganhos provenientes de dinheiro digital.
A paciência parece ser outra virtude destes piratas, com a Chainalysis a concluir que têm cerca de 170 milhões de dólares ‘parados’, à espera de serem lavados provenientes de roubos anteriores.