Uma ex-moderadora de conteúdos da TikTok acusa a empresa de ter sofrido “traumas psicológicos significativos” enquanto trabalhava ali, detalhando sintomas de ansiedade, depressão e stress pós-traumático. Candie Frazier conta que reviu vídeos com “violência extrema e gráfica”, muitas vezes durante doze horas consecutivas. A empresa, que já conta com mais de mil milhões de utilizadores da plataforma de vídeos curtos, afirma estar a trabalhar para promover um “ambiente de trabalho cuidado”.
Para manter a plataforma segura para os utilizadores, a TikTok, como outras tecnológicas do setor, recorre à moderação feita por milhares de trabalhadores internos e contratados a outros fornecedores que se dedicam a rever os vídeos denunciados ou identificados pelos algoritmos para os classificar como seguros ou os remover. Agora, Frazier denuncia que a exposição prolongada a conteúdos como violência sexual, canibalismo, genocídio, tiroteios em massa, abuso sexual de menores ou mutilação humana e animal a levou a um estado de depressão, ansiedade e stress, processando a TikTok e a dona, a gigante chinesa Bytedance.
Frazier trabalhava para uma empresa contratada pela TikTok para a moderação de conteúdos e, na queixa, considera que a plataforma social “controlava os meios e o modo como a moderação acontecia”. Para conseguir atingir os objetivos e lidar com os volumes exigidos, a revisão implicava chegar a estar a ver dez vídeos em simultâneo.
De acordo com a BBC, num turno de 12 horas, os moderadores têm direito a um intervalo de 15 minutos após as primeiras quatro horas e outros 15 minutos por cada duas horas subsequentes. Pelo meio, têm ainda uma pausa de uma hora para refeição. Segundo a acusação, a TikTok não está a fazer o suficiente para cumprir os padrões mínimos da indústria para reduzir o impacto da moderação de conteúdos, violando a lei de trabalho na Califórnia, local onde a queixa foi apresentada.
A empresa não comentou o caso concreto, mas defende que está a promover um ambiente de trabalho preocupado com as condições dos trabalhadores e dos prestadores que estão contratados por outras empresas.
O caso será agora apreciado pelos tribunais da Califórnia.